sábado, 31 de janeiro de 2009

O que desperta o desejo sexual feminino

Novos estudos sobre DESEJO SEXUAL revelam um abismo entre o que as mulheres sentem e o que dizem sentir

Ivan Martins e Francine Lima. Com reportagem de Laura Lopes 30/01/2009
Ida Bauer aparece nos textos de Sigmund Freud, o pai da psicanálise, sob o nome fictício de Dora. É uma moça bonita, de 15 anos, perturbada por tosses nervosas e incapacidade ocasional de falar. Chegou ao divã do médico vienense queixando-se de duas coisas: assédio sexual de um amigo da família e indisposição do pai em protegê-la. Freud aceitou os fatos, mas desenvolveu uma interpretação própria sobre eles. O nervosismo e as doenças se explicavam porque a moça se sentia sexualmente atraída pelo molestador, mas reprimia a sensação prazerosa e a transformava, histericamente, em incômodo físico. Como Ida se recusou a aceitar essa versão sobre seus sentimentos, largou o tratamento. Peter Kramer, biógrafo de Freud, diz que os sintomas só diminuíram quando ela enfrentou o pai e o molestador, tempos depois. Freud estava errado; ela, certa. Anos mais tarde, refletindo sobre a experiência, Freud escreveu uma passagem famosa: “A grande questão que nunca foi respondida, e que eu ainda não fui capaz de responder, apesar de 30 anos de pesquisa sobre a alma feminina, é: o que querem as mulheres?”.
Meredith Chivers, uma jovem pesquisadora da Universidade Queen, no Canadá, acredita que pode finalmente responder à pergunta. Sem os preconceitos e a ortodoxia de Freud, e com recursos experimentais que ele não tinha, reuniu 47 mulheres e 44 homens em laboratório e aplicou o mesmo teste a todos eles: viram oito filmes curtos sobre sexo, com temas variados, enquanto seus órgãos genitais eram monitorados por sensores capazes de medir a ereção masculina e a lubrificação feminina. Ao mesmo tempo, Meredith pediu que indicassem, num sensor eletrônico, quanto estavam excitados com cada cena projetada. Essa era a parte subjetiva do teste.
Os resultados foram sensacionais. Meredith descobriu, primeiro, que as mulheres, sejam elas hétero ou homossexuais, se estimulam com uma gama muito variada de cenas. Homem e mulher transando, mulheres transando, homens transando, quase tudo foi capaz de produzir excitação física nas mulheres. Até cenas de coito entre bonobos (os parentes menores e mais dóceis dos chimpanzés) causaram alterações genitais nas voluntárias, embora tenham deixado os homens indiferentes. Qualquer que seja a sua orientação sexual, eles parecem ser mais focados em suas preferências. Homossexuais se excitam predominantemente com cenas de sexo entre homens ou com cenas de masturbação masculina. Heterossexuais se interessam por sexo entre mulheres, sexo entre homens e mulheres e atividades que envolvam o corpo feminino, mesmo as não-sexuais. O estudo sugere que as mulheres são mais flexíveis em sua capacidade de se interessar. Seu universo sexual é mais rico.
A outra surpresa da pesquisa de Meredith, talvez sua descoberta mais importante, foi a constatação de que existe uma distância entre o que as mulheres manifestam fisicamente e o que elas declaram sentir. As cenas de sexo entre mulheres, por exemplo, foram as que causaram maior excitação física entre as mulheres heterossexuais – mas aparecem em segundo na lista de respostas sobre as imagens mais excitantes. Ocorre o mesmo com sexo entre dois homens. Os sensores vaginais mostram ser esse o terceiro tipo de cena que mais excita as mulheres, mas ele aparece na quinta posição nas declarações. O fenômeno de divergência entre corpo e mente não poupa os macacos. Meredith diz que o relato subjetivo das mulheres sobre os bonobos não é coerente com a excitação física que elas demonstram. “O que eu descobri foi que as mulheres ficaram fisicamente excitadas (com os macacos), mas não declararam se sentir dessa forma”, ela disse em entrevista a ÉPOCA. Os homens demonstram um grau de coerência mais elevado entre as medidas objetivas e subjetivas. Eles declaram gostar daquilo que fisicamente os comove, embora também se confundam com escolhas, por assim dizer, difíceis. No instrumento em que registram suas preferências, os homens heterossexuais marcaram as cenas de masturbação femininas como as mais excitantes, vencendo por pouco o sexo entre duas mulheres. Mas os sensores genitais mostraram coisa diferente: a vitória pertence claramente às cenas de sexo entre mulheres. A conclusão é que também entre os homens há uma diferença entre excitação mental e excitação física, mas ela parece ser muito menor do que entre as mulheres.
Se for excluída a hipótese de que as mulheres mentem a respeito de seus sentimentos (por que fariam isso em laboratório, protegidas pelo anonimato?), estamos de volta à perplexidade registrada por Freud no texto de 1900, com um sério agravante: não é apenas que um homem não entende as mulheres, mas elas mesmas que não sabem o que sentem. Ou não seria nada disso? “As mulheres mentem, de forma consciente e inconsciente”, diz a escritora e roteirista Fernanda Young, de 38 anos. “Elas mentem para sobreviver porque, historicamente, não têm liberdade para dizer o que pensam. Acho que a maioria das mulheres se constrange diante de alguns objetos de excitação e diz que não se excita. É uma questão de sobrevivência cultural”.
A revista dominical do jornal The New York Times publicou dias atrás uma longa reportagem em que a sexóloga Meredith, de 36 anos, discutia a sua pesquisa, publicada em 2007. O texto apresentava várias teorias e pesquisas empíricas que tentam explicar o universo sexual feminino. Curiosamente, quando combinados, os dados obtidos em laboratório parecem confirmar aquilo que Fernanda Young afirma sem amparo estatístico: por razões ainda misteriosas (históricas e culturais, provavelmente; físicas, quem sabe) as mulheres escondem (até de si mesmas) as suas preferências sexuais e operam com um nível elevado (e contraditório) de fantasias, nem todas politicamente corretas. “A sexualidade é um quarto escuro”, diz a escritora.
Desde os relatórios pioneiros de Alfred Kinsey, escritos nos anos 1940 e 1950 do século XX, o meio médico acreditava que mulheres e homens eram sexualmente assemelhados. Foi apenas em 2005 que a pesquisadora canadense Rosemary Basson sugeriu que o desejo das mulheres não segue a cronologia masculina, na qual desejo, excitação e orgasmo se sucedem, nesta ordem. De lá para cá, a ênfase dos estudos sobre sexualidade tem estado nas diferenças entre homens e mulheres. Um dos resultados práticos dessa tendência é a percepção crescente de que o sexo nas mulheres é muito mais subjetivo do que se imaginava. Nelas, os mecanismos de excitação psicológicos parecem estar em ampla medida descolados do que ocorre no corpo. Ao contrário dos homens, para quem ereção é sinônimo de disposição, a lubrificação feminina não significa prontidão para o sexo.

VEJA A MATÉRIA COMPLETA DA REVISTA ÉPOCA:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI25370-15204-1,00-O+QUE+DESPERTA+O+DESEJO+SEXUAL+FEMININO.html



domingo, 25 de janeiro de 2009

PUBLIFOLHA: Professor explica por que ler Nietzsche hoje

21/01/2009 - 09h50

Folha Online

Um breve e abrangente livro sobre Nietzsche, pensador que refletiu sobre todos os problemas cruciais da cultura moderna, sobre as perplexidades, os desafios, as vertigens do fim do século 19. É o que o leitor encontra no volume da coleção "Folha Explica" sobre o autor --o primeiro capítulo de "Nietzsche" pode ser lido abaixo.
Divulgação

Livro explica a obra de um dos pensadores mais provocativos
No livro, Oswaldo Giacóia Junior mostra porque é impossível se colocar à altura dos principais temas e questões do nosso tempo sem entender o pensamento de Nietzsche, um dos pensadores mais provocativos da filosofia moderna.
Para Giacóia Junior, o impacto da filosofia de Nietzsche "advém de sua extraordinária clarividência". "Ele pressentiu, em estado de gestação, as ameaças mais fatais de nosso tempo. Anteviu o panorama sombrio que poderia advir do projeto sociopolítico de uma sociedade de massas. Nietzsche profetizou que a sociedade ocidental caminhava, desde então, para um nivelamento por baixo", explica o autor.
Oswaldo Giacóia Júnior é professor de filosofia na Unicamp. Formado em Direito pela USP, Giacóia é mestre em Filosofia pela PUC-SP e doutor em Filosofia pela Freie Uinversität Berlin (Alemanha). Além de "Nietzsche", Giacóia é autor de "Pequeno Dicionário de Filosofia Contemporânea", "Os Labirintos da Alma" (1997), "Nietzsche & Para Além de Bem e Mal" (2002) e "Sonhos e Pesadelos da Razão Esclarecida" (2005).
Como o nome indica, a série "Folha Explica" ambiciona explicar os assuntos tratados e fazê-lo em um contexto brasileiro: cada livro oferece ao leitor condições não só para que fique bem informado, mas para que possa refletir sobre o tema, de uma perspectiva atual e consciente das circunstâncias do país.
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POR QUE LER NIETZSCHE HOJE
Dentre os clássicos da filosofia moderna, Nietzsche talvez seja o pensador mais incômodo e provocativo. Sua vocação crítica cortante o levou ao submundo de nossa civilização, sua inflexível honestidade intelectual denunciou a mesquinhez e a trapaça ocultas em nossos valores mais elevados, dissimuladas em nossas convicções mais firmes, renegadas em nossas mais sublimes esperanças. Essa atitude deriva do que Nietzsche entendia por filosofia.
Para ele, filosofar é um ato que se enraíza na vida e um exercício de liberdade. O compromisso com a autenticidade da reflexão exige vigilância crítica permanente, que denuncia como impostura qualquer forma de mistificação intelectual. Por isso, Nietzsche não poupou de exame nenhum de nossos mais acalentados artigos de fé. O destino da cultura, o futuro do ser humano na história, sempre foi sua obsessiva preocupação. Por causa dela, submeteu à crítica todos os domínios vitais de nossa civilização ocidental: científicos, éticos, religiosos e políticos.
Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denuncia a moralidade e a política moderna como transformação vulgarizada de antigos valores metafísicos e religiosos, numa conjuração subterrânea que conduz ao amesquinhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social. Nesse sentido, ele é um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade. Para ele, isso era uma conseqüência funesta da extensão global da sociedade civil burguesa, tal como esta se configurou a partir da Revolução Industrial.
Nietzsche se opõe à supressão das diferenças, à padronização de valores que, sob o pretexto de universalidade, encobre, de fato, a imposição totalitária de interesses particulares; por isso, ele é também um opositor da igualdade entendida como uniformidade. Assim, denunciou a transformação de pessoas em peças anônimas da engrenagem global de interesses e a manipulação de corações e mentes pelos grandes dispositivos formadores de opinião.
O esforço filosófico de Nietzsche o levou a se confrontar com as grandes correntes históricas responsáveis pela formação do Ocidente: a tradição pagã greco-romana e a judaico-cristã; e o que resultou da fusão entre as duas.
Ao longo desse seu confronto com o conjunto da herança cultural de nossa tradição, Nietzsche forjou conceitos e figuras do pensamento que até hoje impregnam nosso vocabulário e povoam nosso imaginário político e artístico. Tais são, por exemplo, as noções de Apolo e Dionísio, transformadas em categorias estéticas, os conceitos de vontade de poder, além-do-homem (Übermensch), eterno retorno e niilismo e a figura da morte de Deus.
É impossível se colocar à altura dos principais temas e questões de nosso tempo sem entender o pensamento de Nietzsche. Ateísta radical, ele atribui ao homem a tarefa de se reapropriar de sua essência e definir as metas de seu destino. Dele afirma o filósofo Martin Heidegger: "Nietzsche é o primeiro pensador que, perante a história universal pela primeira vez aflorada em seu conjunto, coloca a pergunta decisiva e a reflete internamente em toda a sua extensão metafísica. Essa pergunta reza: como homem, em sua essência até aqui, está o homem preparado para assumir o domínio da terra?"1
Nesse sentido, Nietzsche é o pensador de nossas angústias, que não poupou nenhuma certeza estabelecida --sobretudo as suas próprias convicções-- e desvendou os mais sinistros labirintos da alma moderna. Com a paixão que liga a vida ao pensamento, Nietzsche refletiu sobre todos os problemas cruciais da cultura moderna, sobre as perplexidades, os desafios, as vertigens no fim do século 19. Dessa sua condição, postado entre o final e o início de duas eras, Nietzsche esboçou um quadro que, em todos os seus matizes, nos concerne ainda, na passagem a um novo milênio, em direção a um destino que ainda não se pode discernir.
A despeito de sua visão sombria, Nietzsche tentou ser, ao mesmo tempo, um arauto de novas esperanças. Sua mensagem definitiva --a criação de novos valores, a instituição de novas metas para a aventura humana na história-- é também um cântico de alegria. Essa é uma das razões pelas quais o estilo de Nietzsche resulta da combinação paradoxal de elementos antagônicos: sombra e luz, agonia e êxtase, gravidade e leveza.
Isso explica por que, para ele, o riso e a paródia são operadores filosóficos inigualáveis: eles permitem reverter perspectivas fossilizadas. Nietzsche, o impiedoso crítico das crenças canônicas, é também um mestre da ironia. Sua ambição consiste em tornar superfície o que é profundidade, restituir a graça ao peso da seriedade filosófica.
Opositor ferrenho da dialética socrática, Nietzsche reedita, no mundo moderno, o gesto irônico do pai fundador da filosofia ocidental. Decisivo adversário de Platão, sua filosofia talvez possa ser caracterizada como uma inversão paródica do platonismo. Definindo-se como o mais intransigente anticristão, dá, no entanto, à sua autobiografia intelectual, escrita no final de sua vida, o título Ecce Homo ("Eis o Homem") --expressão empregada por Pilatos ao apresentar Jesus a seus algozes, pouco antes da Paixão.
Nietzsche, o filósofo-artista, um poeta que só acreditava numa filosofia que fosse expressão das vivências genuínas e pessoais, vendo na experiência estética uma espécie de êxtase e redenção, é, por isso mesmo, um precursor da crítica a um tipo de racionalidade meramente técnica, fria e planificadora. A despeito da profundidade e da gravidade das questões com que se ocupa, sempre as tratou em estilo artístico, poeticamente sugestivo; só acreditava na autenticidade de um pensamento que nos motivasse a dançar. Ele mesmo imagina sobre sua porta a inscrição:
Moro em minha própria casaNada imitei de ninguémE ainda ri de todo mestreQue não riu de si também.2
Sem extravasar os limites dos livros desta série, Folha Explica Nietzsche se propõe a ser uma apresentação geral do homem e do filósofo Friedrich Nietzsche. Seu objetivo é fazer com que o leitor se familiarize com os conceitos, as figuras e o estilo de Nietzsche --não para depois encerrá-los em qualquer câmara da memória, mas sim para despertar seu interesse e estimulá-lo a seguir adiante. Aceitar o desafio de Nietzsche implica, sobretudo, pensar independentemente; e por isso, às vezes, também contra Nietzsche.

1 Heidegger, "Wer ist Nietzsches Zarathustra?"; em: Vorträge und Aufsätze. Pfullingen: Neske Verlag, 1954; p. 102.
2 Epígrafe de A Gaia Ciência; em: Nietzsche, Obra Incompleta. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1974; p. 195.


"Nietzsche"Autor: Oswaldo Giacóia JúniorEditora: PublifolhaPáginas: 96Quanto: R$ 17,90Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Publifolha

veteranos

INÍCIO DAS AULAS: 2 DE FEVEREIRO DE 2009

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Rematrícula Psicologia

Segue Informação do site da Estácio

Lembramos que o prazo para rematrícula dos alunos veteranos para o semestre 2009.1 terá seu início no próximo dia 12/01 - 2ª feira com término em 19/01. Após esta data será cobrada a multa referente ao atraso.
Para efetuar a rematrícula o acadêmico deve estar com o boleto de rematrícula competência 01/2009 quitado, acessar o SIA, clicar na opção "Renovação de Matrícula" e escolher as disciplinas que cursará no semestre. Confira os horários na página da Faculdade a partir de 2ª feira.