terça-feira, 15 de novembro de 2011

Roy Baumeister: “O autocontrole é mais importante que a autoestima”

Psicólogo americano defende que nossa avaliação sobre nós mesmos depende de sermos bem-sucedidos em controlar nossos impulsos
O psicólogo americano Roy Baumeister lançou recentemente o livro Willpower, sobre a importância do autocontrole
Por muito tempo, ouvimos que a autoestima era a coisa mais importante para a vida do indivíduo. Mas, nos últimos anos, alguns psicólogos decidiram desafiar essa noção baseados nos resultados de vários estudos. As pesquisas mostram que ter uma boa autoestima não garante bons resultados no trabalho ou na escola. O sucesso parecia depender mais da capacidade dos voluntários de controlar seus impulsos, de adiar o prazer imediato em nome de um objetivo maior no longo prazo. Se estiverem corretos, esses especialistas podem transformar a forma como educamos a nova geração.
Um dos principais representantes dessa nova corrente de pensamento é o psicólogo Roy Baumeister, da Florida State University, que lançou recentemente um livro para defender a importância do autocontrole na nossa vida. Willpower (Força de vontade) deve ser lançado no início do ano que vem pela editora Lafonte no Brasil. Saiba mais lendo a entrevista com o autor:
ÉPOCA – Seus primeiros estudos tinham a ver com autoestima. Por que o senhor mudou o foco para o autocontrole?
Roy Baumeister – Esperávamos que a autoestima tivesse uma relação com uma série de resultados na vida das pessoas, mas foi um fracasso. A autoestima mostrou-se mais uma consequência do que uma causa. O autocontrole é muito mais significativo para ajudar as pessoas a serem bem-sucedidas em suas vidas, a atingir seus objetivos.
ÉPOCA – Por que a ideia de autocontrole ficou de lado por tanto tempo?
Baumeister – Os vitorianos promoveram muito o autocontrole. Mas no início do século XX, com as guerras e o nazismo, ganhou força a ideia de que havia autocontrole demais. As pessoas queriam relaxar e aproveitar mais a vida.
ÉPOCA – O que é, exatamente, autocontrole?
Baumeister – O autocontrole é um processo, um tipo de ação e um traço de personalidade. E força de vontade é um dos ingredientes que nos ajudam a ter autocontrole. É a energia que usamos para mudar a nós mesmos, o nosso comportamento, e tomar decisões.
ÉPOCA – O que determina o nosso nível de autocontrole?
Baumeister – Ainda não temos detalhes sobre o papel da genética, mas assumimos que os genes influenciam tudo, pelo menos em partes. Isto posto, com autocontrole e força de vontade, fica claro também que é possível aprender. Nossa pesquisa mostra que é possível melhorar a força de vontade, mesmo em adultos. Dizemos que a inteligência e o autocontrole são os dois traços mais importantes para predizer uma vida bem-sucedida. Embora não seja possível aumentar a inteligência, é possível aumentar o autocontrole. Isso é uma oportunidade importante para a psicologia ajudar as pessoas a melhorar a própria vida.
A inteligência e o autocontrole são os dois traços mais importantes para predizer uma vida bem-sucedida"Roy Baumeister
ÉPOCA – O autocontrole é importante para a nossa sobrevivência e para as relações sociais. Por que, apesar de ser tão importante, ter autocontrole pode ser tão difícil?
Baumeister – O autocontrole é mais necessário para os humanos do que para outras espécies porque dependemos de sistemas sociais e culturais para sermos bem-sucedidos. Muitos animais podem sobreviver e se reproduzir sem muito autocontrole. A simples motivação diz ao animal que ele deve fazer o que tem que fazer para sobreviver e reproduzir: comer e fazer sexo. O autocontrole é mais complicado, porque permite à pessoa conter seus impulsos e fazer outra coisa. A estrutura mais simples diz para o indivíduo comer e se reproduzir. Mas foi preciso criar uma nova estrutura que permitisse controlar a anterior e dissesse: “Você quer fazer isso, mas não faça agora.” É um processo psicológico mais complicado e difícil do ponto de vista evolutivo. É por isso que a maioria dos animais não o tem, mas os humanos, sim. Precisamos de mais do que comida e sexo. Precisamos de dinheiro, de relações. Por isso necessitamos de um sistema que subordine os nossos impulsos. Temos mais autocontrole do que as outras espécies. Só não temos tanto quanto gostaríamos de ter.
ÉPOCA – Temos que ter mais autocontrole hoje do que no passado?
Baumeister – É difícil comparar as épocas. Hoje não estamos tão expostos ao risco de morte como costumávamos estar, mas a vida tem muito mais regras, e é mais complicada. Temos que trabalhar muito mais do que nossos ancestrais – como caçadores e coletores, eles costumavam trabalhar só 3 horas por dia. Depois disso, vieram os agricultores. É preciso mais controle para exercer essa atividade, mas não há tantas demandas complicadas e regras. Mas muitas das ocupações que temos na sociedade atual têm requisitos muito complicados, o que traz perigos e tentações. É preciso entender de muito mais coisa, se preocupar com muito mais coisa, inclusive com como o outro enxerga você. É difícil de comprovar isso, mas acho que a modernidade requer mais autocontrole do que o passado. Os agricultores, por exemplo, poderiam estar levemente intoxicados com álcool, seja vinho ou cerveja, enquanto trabalhavam. Mas isso não é possível para cumprir as funções em um escritório.
ÉPOCA – Que tipos de atividade exigem autocontrole e que tipos de tarefa prescindem dele?
Baumeister – O autocontrole é conter suas respostas para mudar como você age. Tarefas que pedem mais esforço nesse sentido vão afetar mais o seu “estoque” de força de vontade. Tarefas que exigem tomada de decisão também requerem muita força de vontade. É o que chamamos de “fadiga de decisão”.
ÉPOCA – Evitar tomar decisões é uma boa saída para preservar a força de vontade?
Baumeister – Não. Porque se ajustar a decisões tomadas por outros também requer autocontrole. É preciso ter força de vontade para tomar decisões, mas também para aceitar a situação quando não podemos mudá-la.
ÉPOCA – O autocontrole tem a ver com adiar a recompensa. É mais difícil fazer isso na sociedade imediatista em que vivemos?
Baumeister – De um lado há muito mais tentações. É possível gastar, online, em dez minutos, mais do que você deveria gastar em um ano. Por outro lado, há um aspecto positivo da tecnologia que nos ajuda com o autocontrole. É possível manter um registro de seus gastos, de seu peso, de sua rotina de exercício. A tecnologia pode funcionar a nosso favor.
ÉPOCA – Também podemos recorrer a outras pessoas para nos controlar. Isso é positivo?
Baumeister – Como seres humanos, tudo o que fazemos depende de outras pessoas, de interações sociais, comunicação e cultura. Enfrentamos problemas juntos e apoiamos uns aos outros a sair do problema. Podemos pedir a ajuda das pessoas para melhorar o nosso controle, para atingir nossos objetivos, para nos divertirmos. Envolver outras pessoas é uma parte central do que os humanos fazem.
ÉPOCA – O senhor afirma que o autocontrole é limitado e vai diminuindo conforme fazemos as tarefas. Como perceber quando o esse “estoque” já acabou?
Baumeister – É correto dizer que não há nenhum sintoma ou sentimento para nos avisar disso. Não sabemos o que está acontecendo e é por isso que é importante entender esses processos para antecipar os problemas. Hoje sabemos que, depois de tomar muitas decisões, ou de fazer algo difícil, a nossa força de vontade vai estar esgotada e é melhor não se expor a nenhuma tentação e evitar tomar decisões logo depois. Temos uma quantidade razoável de força de vontade, mas se não a usarmos corretamente e de maneira efetiva, podemos nos tornar mais vulneráveis aos perigos.
ÉPOCA – É por isso que o senhor sugere que as pessoas lidem com um problema de cada vez?
Baumeister – A vida corre e, a todo momento, precisamos usar nossa força de vontade para mudá-la. Recomendo concentrar em fazer uma mudança de cada vez, e não tentar mudar tudo de uma vez.
ÉPOCA – Um estudo mostrou que as pessoas pareciam ter mais força de vontade apenas por sentar-se eretas na cadeira. Como o senhor explica isso?
Baumeister – Isso tem a ver com tentar aumentar o autocontrole. É como se a força de vontade fosse um músculo que, exercitado com frequência, pode se tornar mais forte. A ideia de sentar-se com a coluna ereta é um tipo de exercício que as pessoas podem fazer por conta própria para aumentar sua força de vontade. É como uma prática para autocontrole. Poderia ser também fazer coisas com a mão esquerda, qualquer coisa que envolva alterar o comportamento de maneira sistemática. São exercícios que podem ser feitos quando outras áreas da vida não drenam nosso autocontrole. Fazer essas tarefas simples parece melhorar a capacidade de mudar nossos comportamentos de outras formas. Isso reforça a ideia de que todos os exercícios de força de vontade dependem de uma mesma fonte.
ÉPOCA – A questão da obesidade, um dos principais problemas atuais, é apenas uma questão de autocontrole?
Baumeister – Há muitas razões pelas quais as pessoas estão acima do peso. Em casos há uma falta de autocontrole, em outros há uma tendência genética. Não é justo dizer que as pessoas acima do peso têm pouco autocontrole.
ÉPOCA – Qual a melhor forma de não cair na tentação?
Baumeister – A melhor maneira de ter autocontrole é criar bons hábitos, fazer da mudança algo permanente, e não um episódio isolado. A chave está em encontrar uma maneira de se alimentar com a qual você possa viver com saúde sem ganhar peso. Quando fazemos algo com regularidade, precisamos de menos força de vontade para continuar fazendo. É preciso mais força de vontade para mudar do que para manter a mudança. Uma vez que você conseguiu estabelecer o novo hábito, pode tentar melhorar outra área de sua vida. A melhor forma para mudar um hábito é a repetição.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pesquisas sugerem vínculo entre alergias e depressão

Estudos descobriram que o risco de depressão em pessoas com alergias graves é duas vezes maior que em pessoas sem alergias

The New York Times
As alergias desencadeam reações no organismo que podem causar depressão As alergias desencadeam reações no organismo que podem causar depressão (Thinkstock)
Reações alérgicas liberam compostos chamados citoquinas, que podem reduzir os níveis do hormônio serotonina, que ajuda a manter as sensações de bem-estar
Agora é outono no Brasil, mas no Hemisfério Norte já é primavera. Este período do ano sempre traz um surto de espirros, fungadas e narizes entupidos. Mas alergias sazonais podem ser psicologicamente prejudiciais? Uma onda de pesquisas sugere que pode ser o caso. Ainda que não existam evidências firmes de que alergias causem depressão, vastos estudos mostram que pessoas que sofrem de alergia realmente apresentam maior risco de depressão.
Alergias graves podem trazer sonolência, dores de cabeça, fadiga e uma sensação geral de mal-estar físico, que em conjunto podem piorar o humor. Estudos identificaram que reações alérgicas liberam no corpo compostos chamados citoquinas, que desempenham um papel na inflamação e pode reduzir os níveis do hormônio serotonina, que ajuda a manter as sensações de bem-estar. E é de conhecimento comum que algumas medicações comuns para alergia, como corticosteroides, podem causar ansiedade e oscilações de humor.
Muitos estudos de grande porte descobriram que o risco de depressão em pessoas com alergias graves é duas vezes maior que em pessoas sem alergias. Em 2008, pesquisadores da University of Maryland reportaram que essa conexão pode ajudar a explicar um amplamente observado — porém mal compreendido — aumento de suicídios durante a primavera todo ano. Analisando registros médicos, os autores viram que, em alguns pacientes, mudanças nos sintomas de alergia durante as temporadas de baixa e alta polinização se correlacionavam com mudanças em seus níveis de depressão e ansiedade.
Um estudo populacional finlandês de 2003 constatou uma relação entre alergias e depressão; contudo, mulheres tendiam muito mais a serem afetadas. Em 2000, um estudo com gêmeos, na Finlândia também, mostrou um risco comum de depressão e alergias, um resultado de influências genéticas, escreveram os autores.

domingo, 21 de agosto de 2011

Transtorno de deficit de atenção tem ligação com outros males

Estudos sobre TDAH PDFImprimirE-mail
Escrito por Assis
Sex, 12 de Agosto de 2011 11:51
Transtorno de deficit de atenção tem ligação com outros males

Carolina Vicentin (Correioweb)
Publicação: 12/08/2011

Um dos distúrbios mais estudados dos últimos tempos, o transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ocorre devido a variações genéticas que também podem provocar o autismo. Em um artigo publicado ontem na revista Science Translational Medicine, pesquisadores comprovaram, pela primeira vez, algo que os médicos já percebiam nos consultórios: a ligação entre o TDAH e patologias psíquicas mais graves, entre elas, as do espectro autista. A equipe de cientistas canadenses encontrou exatamente a mesma alteração em pedaços do DNA de nove pacientes autistas e de cinco com o problema da falta de concentração. Embora a amostra ainda seja pequena, ela representa o primeiro passo para entender com mais clareza a incidência de doenças mentais e neurológicas.

O TDAH atinge de 3% a 5% das crianças, com maior prevalência entre os meninos. “São pequenos muito inquietos, agitados, que não conseguem se concentrar e, consequentemente, têm dificuldades para aprender”, explica a psiquiatra Ana Hounie, pesquisadora da Universidade de São Paulo. A doença tem alta taxa de comorbidades, ou seja, frequentemente, vem associada a outros males, como a ansiedade, os transtornos de comportamento e, até mesmo, a dependência química. O autismo é outra dessas patologias. Seus sintomas incluem a fixação por determinado assunto e a resistência a se envolver com novas atividades.

Essas doenças são provocadas por fatores genéticos, associados a causas ambientais. “O pai ou mãe de uma criança com deficit de atenção, provavelmente, tiveram o mesmo problema na infância, assim como gêmeos idênticos têm mais probabilidade de desenvolver o TDAH que os não idênticos”, detalha Russell Schachar, do Hospital para Crianças Doentes de Toronto, no Canadá, um dos autores do estudo divulgado ontem. Mesmo com essas pistas, contudo, a ciência ainda não conhece todos os genes responsáveis pelos distúrbios. O pesquisador e outros colegas canadenses partiram, então, para uma busca mais detalhada das partes do código genético que causam a falta de concentração.

Para isso, eles adotaram técnicas sofisticadas de mapeamento do genoma, com máquinas capazes de oferecer uma resolução melhor de pedaços menores das amostras. “Nós estávamos interessados em encontrar cópias raras de genes que nunca foram vistas na população em geral e que existem apenas no DNA das pessoas com deficit de atenção”, explicou Schachar ao Correio. Das 248 amostras, 89% delas tinham variações nos seguintes genes: ASTN2, ASTN2-introni, TRIM32, CHCHD3 e MACROD2, além da região 16p11.2 da cadeia. “Em quase 90% dos genomas estudados, havia essa variação de número de cópias raras e poucas apresentavam mutações propriamente ditas, que são comuns em outras desordens”, comenta o especialista.

A alteração do número de cópias, contudo, existe em doenças psíquicas complexas, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar — fato que intrigou a equipe canadense. Para tirar a prova dos nove, os pesquisadores coletaram amostras de genoma de 348 pessoas com autismo e realizaram a mesma análise minuciosa do material. Surpreendentemente, o código genético de nove dos participantes tinha exatamente a mesma característica que o coletado em cinco voluntários com o transtorno de deficit de atenção.

Segundo os especialistas, o material identificado no grupo com TDAH aumenta o risco de incidência de doenças psiquiátricas do mesmo porte do autismo. Isso ajudaria a explicar por que é comum ver uma criança com autismo e TDAH ao mesmo tempo e, não raro, um menino ou menina com deficit de atenção associado a outros sintomas do espectro autista. “Nós encontramos um marcador genético das duas doenças, mas não para a vasta maioria dos pacientes. Agora, precisamos olhar mais profundamente para novas amostras e procurar esse sinal em níveis ainda mais profundos do genoma”, afirma o pesquisador.

Aplicações
A descoberta canadense ainda não tem grandes implicações clínicas. Embora a análise do DNA possa determinar o diagnóstico do deficit de atenção, por exemplo, lançar mão desse recurso seria desnecessário. “Há uma série de testes psíquicos e psicológicos que definem o TDAH e esse sistema funciona bem”, esclarece Russell Schachar. O especialista acredita, entretanto, que as revelações do estudo podem contribuir para o tratamento do distúrbio já em curto prazo. “Se você confirmar que o paciente tem sinais genéticos comuns ao TDAH e ao autismo, é possível receitar um medicamento mais eficiente”, sugere.

César Moraes, coordenador do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), acredita que a pesquisa publicada ontem dá um passo fundamental na busca por marcadores genéticos que caracterizem definitivamente as duas doenças. “Esse artigo é muito importante, pois consegue demonstrar que há fatores genéticos comuns ao diagnóstico de TDAH e aos transtornos do espectro autista”, comenta. Schachar vai ainda mais longe: com esse achado, aumentaram os desafios para a medicina, que agora precisa encontrar fatores de risco presentes em mais de uma doença psíquica.

E os trabalhos já começaram. O especialista canadense e seus colegas estão coletando amostras do genoma de 5 mil pessoas com qualquer indício de desordem mental. A ideia é avaliar o material com grande acuidade para identificar qualquer traço compartilhado entre as patologias. Segundo Schachar, esse levantamento muda, inclusive, a forma de se fazer ciência. “No passado, as pessoas excluíam amostras de pacientes que tinham sintomas tímidos das doenças, mas nós vamos recrutar casos com qualquer sinal de problemas neuropsiquiátricos e procurar por suas variações de cópias raras. Se acharmos, vamos investigar isso em suas famílias também”, adianta.

Responsabilidade compartilhada
A pesquisa conduzida no Hospital da Criança Doente de Toronto, em parceira com universidades do Canadá, se baseia no conceito de pleiotropismo. Isso acontece quando uma parte específica de um gene pode estar associada tanto à presença de sintomas de uma doença quanto à de outra patologia. No caso desse estudo, os genes compartilham a “responsabilidade” pelo TDAH e pelo autismo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SÍNDROME DO “MOZINHO”

Revirando meus arquivos achei um artigo que comecei a algum tempo atrás e que deixei de lado por causa da correria e falta de tempo. Li de novo e teria que arrumar muita coisa ainda, mas vale compartilhar. Tem uma certa dose de "humorzinho"...

SÍNDROME DO “MOZINHO


“O tema é um ponto de partida para um poema e não um ponto de chegada, da mesma forma que a bem-amada é um pretexto para o amor”. Mário Quintana


Diante de fatos que me aparentaram ser tão expressivos, me vi intrigada com o comportamento dos seres humanos em relação ao que se diz respeito ao amor. Tão comum ou presente em nossas vidas o amor surge e se instala no individuo. Quando expressado reflete um tipo de comportamento no mínimo esquisito/curioso (sem deixar de ser singular), ou qualquer outra definição que ainda não tenho a capacidade de transformar em palavras, permanece para mim, ainda, muito enigmático. Este comportamento refletido é expresso de diferentes maneiras, com expressões tão diversas quanto os mistérios que existem entre o céu e a terra. Exagero? Você já reparou? Já parou para observar tal tipo de comportamento? Pois é... para mim é evidente o transparecer de um certo “sei lá o que” um tanto incompreensível. É claro que ainda é muito cedo para poder afirmar qualquer tipo de coisa a respeito da síndrome do “mozinho” (nome ainda em construção), mas é de grande atração as primeiras constatações observáveis que podem ser feitas sem maiores esforços.
Tudo parece iniciar-se aparentemente normal/de forma natural. O casal se conhece e se trata pelo nome, o tempo vai passando, a intimidade vai se construindo e ficando cada vez maior. Os apelidos vão começando a surgir, até ai tudo bem. Depois de certo tempo os apelidos vão se transformado em “apelidinhos”... O comportamento vai se mostrando cada vez mais intrigante. Primeiramente os apelidos se voltam para os diminutivos, mas não contentes com os inhos e inhas o casal começa a generalizar e a usar derivativos, sinônimos, adjetivos, animais e o que mais a criatividade deles puderem lhes proporcionar e forem capazes de inventar. Conforme a história de cada um vai acontecendo, todas as suas vivências e besteiras cotidianas vão tornando a coisa cada vez mais preocupante. Digo preocupante, pois enxergamos neste momento o nível de intimidade de um casal quando o “apelidinho” pelo qual eles se chamam começa a ficar indecifrável. Geralmente são “apelidinhos” que não fazem alusão a coisa nenhuma (e nós nunca saberemos de onde estes tão criativos apelidos surgiram).
O tempo continua a passar e os tais “apelidinhos” vão se tornando o menor dos problemas. Somados aos tão carinhosos “apelidinhos” estão os comportamentos, a linguagem usada, os cuidados exagerados, as diferentes maneiras de tratamento e expressão de sentimentos, que chegam a ser sufocantes... é uma emoção de ampliação quase patológica. Os acometidos por este sentimento parecem perder a sua individualidade, a sua identidade e poder de raciocínio. Sentem-se, agora, resgatando a sua identidade apenas quando na presença desse outro (permanecem sob seu poder). Mas é claro que não podemos generalizar, ou falar que isso seja ruim. O que quero refletir aqui é a mudança que acontece no comportamento de cada pessoa quando esta está apaixonada. Dentro desta linha de raciocínio o amor pode ser compreendido como um “vício”, uma espécie de droga que debilita a mente do individuo e o faz entrar num processo de intensa regressão...


Ana Carolina dos Santos Rateke
Email: carolinarateke@hotmail.com

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Medicina reconhece obsessão espiritual


Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra:

Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida... Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também...
Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade.
Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP:

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade:

Mente, corpo e espírito.

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral:
Biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.
Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual..

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.
O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade.
Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Texto de Osvaldo Shimoda
Colaboração de CEECAL - Centro de Estudos Espírita Caminho da Luz:
http://ceecal.com/

quinta-feira, 23 de junho de 2011

III Jornada de Psicologia do Hospital Universitario /UFSC

Intervenção psicológica no contexto da urgência, alta complexidade e morte no hospital
15 e 16/09/2011


Auditório do Hospital Universitário

Normas para inscrição dos trabalhos

1. Serão aceitos trabalhos originais (não publicados), que

tratem de qualquer aspecto da psicologia hospitalar.

2. Somente serão aceitos trabalhos na forma de Pôster.

3. Os trabalhos deverão ser encaminhados na forma de

resumo simples, devendo observar as seguintes

especificações: formato Word superior, fonte Times New

Roman, tamanho 12, alinhamento justificado e espaço

simples e margens com 3 cm.

No 1° parágrafo deverá constar o título do trabalho em

letras maiúsculas; no 2° parágrafo o(s), nome(s) do(s)

autor(es) e no 3° parágrafo, a instituição onde o trabalho foi

desenvolvido.

Os resumos deverão conter justificativa, objetivos,

métodos, resultados e conclusões, em parágrafo único, com

no máximo 300 palavras. No rodapé, acrescentar endereço

completo e eletrônico do autor principal.

4. Os trabalhos devem ser enviados sob a forma de resumo

para: jornadapsico@hu.ufsc.br

5. Data limite para envio dos trabalhos dia 05/08/2011

Resposta quanto à aceitação dos trabalhos até 31/08/2011.

6.... A inscrição do trabalho se concretiza com e-mail de

aceite da Comissão Científica.

7. Os pôsteres, com dimensões de 90 cm de largura por 110

cm de altura, deverão ser fixados no hall do Auditório do

HU, das 13 às 17 horas do dia 15/09/2011, ficando expostos

até o final do evento. Cada inscrito poderá apresentar até 2

trabalhos.

8. O autor principal deverá estar inscrito no evento e será

fornecido apenas um certificado, constando os nomes do

autor principal e co-autores.

9. Havendo aceite, os trabalhos ficarão exposto durante o

evento, com disponibilidade do autor principal para

interlocução durante horário destinado a esse fim.

Inscrições

Faça o download da ficha de inscrição em

http://www.hu.ufsc.br Preencha e envie a mesma para o

email jornadapsico@hu.ufsc.br, juntamente com o

comprovante de deposito efetuado na conta abaixo citada.

*A inscrição somente se efetiva após recebimento da ficha

de inscrição e comprovante de depósito, através de e-mail

da Comissão Organizadora.

Ressaltamos que em caso de desistência não será realizado

o ressarcimento do valor da inscrição.

Valores:

Minicursos Jornada

Estudantes R$ 15,00 R$ 25,00

Profissionais R$ 30,00 R$ 50,00

Dados Bancários para Depósito:

Banco: Banco do Brasil

Agência: 1453-2

Conta Corrente: 42750-0

AAHU - Associação Amigos do HU

Maiores Informações:

jornadapsico@hu.ufsc.br

VAGAS LIMITADAS

Realização:

SERVIÇO DE PSICOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO/UFSC



quarta-feira, 22 de junho de 2011

“O Discurso do Rei” e a situação analítica

Por André Toso

O filme “O Discurso do Rei” é uma verdadeira aula sobre a relação entre terapeuta e paciente na clínica psicanalítica. No roteiro, a história do Rei George VI, que, por conta de problemas de gagueira, não consegue discursar em público. O personagem, brilhantemente vivido pelo ator Colin Firth, sai em busca de uma solução até encontrar o terapeuta da fala Lionel Lougue (vivido pelo ator Geoffrey Rush).

Lougue, ator frustrado e adorador de Shakespeare, parece conhecer a fundo a teoria psicanalítica e a aplica de forma pouco ortodoxa para curar problemas de voz em seus pacientes. Apesar dos exercícios típicos da fonoaudiologia, o terapeuta sabe que as razões principais para a gagueira do rei moram muito mais nos calabouços emocionais do que nos problema físicos.

O primeiro aspecto que pode ser discutido é o fato de o terapeuta não possuir nenhum tipo de credencial para sua atividade. Em 1926, no livro “A Questão da Análise Leiga”, Freud defende com veemência que a atividade psicanalítica deve ser independente da medicina ou de qualquer outra formação acadêmica. De certa forma, é isso que ocorre nos dias de hoje, com a disseminação das sociedades livres de psicanálise pelo País e pelo fato dos cursos de psicologia serem incapazes de munir seus alunos para a complexidade da teoria do inconsciente. Freud também salientava a importância da análise pessoal do futuro psicanalista, única forma de ele estar preparado para enfrentar as transferências de uma análise.
 No filme, Lougue, apesar de não seguir nenhum tipo de escola terapêutica, bebe de todas elas e mostra boa capacidade e sensibilidade no trato com o paciente. A sinceridade com que exerce seu ofício e o comprometimento e o desejo com a melhora do paciente já parecem lhe atribuir condições de realizar o atendimento. É neste momento que o terapeuta cria um vínculo perfeito com seu paciente, o auxiliando da forma mais honesta e, por que não, profissional possível.

O psicanalista Wilfred Ruprecht Bion (1897 -1979) consolidou o termo vínculo na clínica. Com seu conceito de continente/conteúdo, teoriza que o analista precisa criar uma ligação de confiança com o seu paciente e oferecer a ele uma recepção para sua dor (ele chamou isso de reverie). A falha ocorrida na formação emocional do paciente deve ser recebida pelo terapeuta, que deve contê-la, elaborá-la e devolvê-la ao paciente “desintoxicada”.

Winnicott (1896-1971), por sua vez, utiliza a expressão holding para falar sobre a relação entre paciente e terapeuta. O pediatra e psicanalista acredita que o sujeito só pode vir a ser com o apoio de uma mãe suficientemente boa em sua formação emocional. O papel do psicanalista, portanto, é auxiliar o paciente a encontrar a confiança egóica para criar as condições para ele vir a ser. No filme, a voz de George VI se torna mais firme conforme sua confiança em relação ao terapeuta aumenta. No momento que o rei faz a transferência e acredita no papel de seu analista, ganha confiança e se sente abraçado. A presença do outro, que passa a conhecer sua história e lhe compreender, neste ponto, lhe dá a segurança para vir a ser, para se expressar sem sobressaltos e inseguranças. É neste momento que a análise funciona e que, como diria Winnicott, ocorre um momento sagrado entre terapeuta e analista.

Muitos outros detalhes são interessantes em “O Discurso do Rei”. São claros os momentos de transferência, resistência, contratransferência e a necessidade de o analista em tratar o paciente como igual. Apesar de rei, quem dava as cartas no consultório era o terapeuta, que se manteve firme ao olhar seu paciente como um ser humano como outro qualquer, sem coroas ou tronos a interferirem em seu trabalho (fator fundamental para a psicanálise). No final, o laço terapêutico se fecha com a confiança do paciente em seu analista e um nascimento de seu desejo – real e espontâneo – de vir a ser. Se o discurso do rei é a voz de um povo, o discurso do terapeuta tem o papel de ser uma voz que desperta o analisando para o mundo dos seus próprios desejos. Em “O Discurso do Rei”, George VI precisa apenas do apoio de um homem que lhe enxergue de verdade, sem as fantasias de um rei.

Fonte:sppsic.wordpress.com/2011/02/21/o-discurso-do-rei-e-a-situacao-analitica/


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Congressos 2010 - 2011 | Congressos

Congressos 2010 - 2011 Congressos

Recomendação de filme: Orações para Bobby



"Orações para Bobby" mostra suicídio de jovem, que se joga em cima dos caminhões, após a mãe religiosa rejeitar homossexualidade e a desilusão com o primeiro namorado...


"Orações para Bobby" é um dos principais filmes de 2009 sobre o drama de ser gay na adolescência. Quem viu (homossexual ou hétero) costuma se emocionar e até chorar. Um jovem se suicida após se sentir rejeitado pela mãe religiosa. A morte provoca um terremoto na família conservadora, e a história fica mais interessante com os desdobramentos: os parentes ficam se remoendo de culpa até encontrarem um caminho mais digno de superar o trauma.

Baseada em fatos reais, a produção é inspirada no livro "Prayers for Bobby: A Mother's Coming to Terms with the Suicide of Her Gay Son", de Leroy Aarons, sem lançamento em português. O filme foi exibido apenas na TV norte-americana, no canal Lifetime, que pode ser considerado um canal para donas-de-casa.

Mas a internet tornou "Orações para Bobby" um fenômeno. Logo, gays e lésbicas do mundo inteiro baixaram o filme por meio de servidores de arquivo, como Torrent e Megaupload, traduziram legendas e logo se disseminaram blogs e comunidades em redes sociais, como o Orkut, onde com uma simples pesquisa dá para encontrar links para download do filme com legendas em português.

Este é o primeiro filme feito para TV no currículo da atriz Sigourney Weaver, 60, famosa nos anos 80 devido aos filmes da série Alien. Ela interpreta Mary Griffith, a mãe de Bobby, que tenta "curar" o filho gay com a Bíblia e a terapia. Devido a esse papel, ela foi indicada para o Emmy 2009, Oscar da TV, na categoria melhor atriz, mas perdeu para Jessica Lange.






SÉRGIO RIPARDO
colaboração para a Livraria da Folha

Quem quiser eu tenho o filme, é só pedir.

domingo, 17 de abril de 2011

A economia da infância

14/03/2007 - 12:36

Edição nº 460

O economista Flavio Cunha fala sobre os investimentos na educação antes dos seis anos
Ana Aranha


Dar acesso a creches e pré-escolas não é só questão de cumprir os direitos das crianças com menos de seis anos. É também investimento estratégico para o governo. Foi essa uma das conclusões de estudo feito pelo economista Flavio Cunha em parceria com o prêmio Nobel em Economia James Heckman e outros pesquisadores da Universidade de Chicago. Eles compararam a trajetória de crianças que receberam educação entre os 4 e os 6 anos com outras que só entraram na escola na 1a série.



ÉPOCA - Na vida adulta, qual a diferença entre criança que passaram e não passaram pelos programas pré-escolares?

Flavio Cunha - Nos Estados Unidos, programas de primeira infância como o Programa Pré-escolar Perry aumentaram em quatro vezes o número de crianças que quando adultos tiveram renda superior a dois mil dólares mensais. Reduziram em 50% o número de crianças que utilizaram o seguro desemprego, o que é uma boa medida para o grau de empregabilidade dessas crianças quando adultas. Para os garotos, o efeito mais importante está na redução da participação em atividades ligadas ao crime. Um programa similar encontrou efeitos na redução do problema de reprovação escolar em quase 50% e quase triplicou o número de crianças que freqüentaram a universidade.



ÉPOCA - O que é o fator de “retorno do investimento em capital humano”, de que o senhor fala na pesquisa?

Flavio Cunha -É o mesmo conceito do retorno do investimento numa ação da Petrobrás. Você compra ações e a empresa utiliza os seus recursos para fazer investimentos. Por exemplo, encontrar novos campos de produção. Alguns períodos após o investimento você recebe dividendos. Assim, se investir cem reais e receber cinco reais de dividendos, você tem retorno de cinco reais e, portanto, uma taxa de 5%. O mesmo conceito se aplica ao capital humano. Para se tornar jornalista, você provavelmente cursou uma faculdade. Este é o investimento que você fez. O retorno deste investimento é que você tem um salário maior do que aquele que você teria se não tivesse cursado uma faculdade. Estudos nos EUA mostram que cada ano de estudo aumenta o salário em torno de 10%. Para o Brasil existe evidência que a taxa de retorno é ainda mais elevada.



ÉPOCA - Quer dizer que, quanto antes se investe no aluno, maior o retorno de capital humano?

Flavio Cunha -Os investimentos na mais tenra idade apresentam retornos elevados pois produzem habilidades que são muito básicas, e que servem para a aquisição de habilidades mais avançadas. Por exemplo, os seres humanos não nascem com a visão plenamente desenvolvida. De fato, nós “aprendemos” a enxergar rapidamente nos primeiros meses de vida. Por causa disso, crianças que venham a nascer com catarata devem ser tratadas imediatamente, pois do contrário elas ficarão cegas para o resto da vida. Uma das vantagens de conseguir ver bem é que se torna mais fácil aprender a ler e escrever. Tanto a leitura quanto a escrita são habilidades muito importantes nos dias modernos. As usamos para nos divertir, para trabalhar, para aprender.

Assim como no caso da visão, é muito mais fácil alfabetizar uma criança do que um adulto. Nós estamos aprendendo essa lição agora vendo os resultados do Programa Brasil Alfabetizado. Portanto, as habilidades produzidas na mais tenra idade tem um retorno elevado, pois elas são utilizadas para adquirir outras habilidades. Assim, investimentos que ocorrem cedo geram um ciclo virtuoso onde habilidade produz habilidade.



ÉPOCA - Na sua avaliação quais deveriam ser as prioridades de investimento para educação infantil no Brasil?

Flavio Cunha -O governo atua no processo de educação principalmente através das escolas. Se conseguirmos melhorar a qualidade das escolas melhoraremos a qualidade da educação no Brasil. Isso é o óbvio. O que é menos óbvio é como melhorar a qualidade da escola. Para responder essa pergunta temos que desenvolver uma disciplina de propor experimentos juntamente com coleta e análise de dados que levem a compreensão do problema. Necessitamos dados. Não existe outra maneira de entender e resolver o problema.

A evidência mostra que não necessariamente gastar mais gera automaticamente melhorias. Por exemplo, podemos colocar computadores em todas as escolas. Isso aumenta o gasto, mas o impacto sobre a qualidade depende de como ele será usado. Se o computador ficar desligado porque o professor não sabe como utilizá-lo estaremos apenas desperdiçando recursos. A questão que temos que responder é: quais são os tipos de práticas educacionais que tornam o processo educacional mais eficiente?

Ao invés de gastar milhões poderíamos começar comprando computadores para 100 escolas e fazer experimentos. Por exemplo, 33 usariam para o professor explicar a matéria. Outras 33 para o aluno fazer exercícios, corrigidos em tempo real. Nas outras 34 os computadores seriam usados apenas na administração. Depois, mensuramos os ganhos em qualidade em cada uma dessas escolas e comparamos qual estratégia foi mais eficiente. Com esse conhecimento podemos prosseguir com a política e distribuir computadores juntamente com um plano de utilização.



ÉPOCA - Qual o papel da iniciativa privada? Quais responsabilidades as empresas poderiam assumir para ajudar a dar a conta do problema?

Flavio Cunha -Eu acho que a iniciativa privada tem um interesse estratégico nessa questão, pois quanto mais educada for a mão-de-obra brasileira, mais produtivas serão as nossas empresas e isso as permitirá competir mais fortemente no mercado global. As empresas podem participar da solução do problema financiando diretamente a pesquisa em programas de primeira infância no Brasil. Alternativamente, elas podem financiar experimentos para tentar melhorar a qualidade do ensino fundamental e médio. Essa tradição de apoio e subsídio a pesquisa já existe nos EUA, mas no Brasil é muito limitada.



ÉPOCA - Os programas de educação na primeira-infância que o senhor analisou não investem apenas nas escolas. Quais são as outras frentes de investimento determinantes?

Flavio Cunha -Nós analisamos diferentes tipos de programas de primeira infância. Nos Estados Unidos tais programas melhoraram a proficiência das crianças em matemática e inglês, reduziram a reprovação escolar e aumentaram o número de alunos com o segundo grau completo. Talvez o programa de primeira infância mais famoso seja o Programa Pré-escolar Perry. Ele oferece aulas para as crianças e também para as mães. Enquanto as crianças aprendem noções básicas de aritmética e inglês, as mães adquirem conhecimentos que serão importantes para exercer bem o seu papel. Eu acredito que aí está o segredo do sucesso do Perry: não somente o programa começa quando as crianças ainda são muito jovens, mas também faz com que as mães estejam mais preparadas e amparadas para educar seus filhos. O treinameno da mãe ao longo do processo é a diferença fundamental entre programas de primeira infância e creches. Para o caso brasileiro, eu não acredito que somente o aumento da oferta de vagas em creches venha a resolver o problema.



ÉPOCA - Na sua avaliação, preparar os pais é mais, menos ou tão importante quanto ter uma boa rede de creches e pré-escolas?

Flavio Cunha -A educação não é uma obrigação exclusiva das escolas e dos professores. O processo educacional começa em casa. Por exemplo, aos três anos, os filhos dos pais que têm diploma universitário possuem um vocabulário três vezes maior do que os filhos dos pais que não completaram o segundo grau. Isso é medido antes do começo da escola. Mas não devemos encarar a questão da educação como melhorar isso ou aquilo. É importante melhorar ambos. Pais e professores desempenham papéis complementares na educação das crianças.

domingo, 3 de abril de 2011

Estresse pode afetar pessoas de qualquer idade

"Na verdade, podemos sofrer estresse já dentro do útero. O organismo de uma grávida exposta a eventos estressantes produz determinadas substâncias que afetam o cérebro do feto e modificam sua estrutura, influenciando o neurodesenvolvimento", explica o psiquiatra infantil Arthur Kummer, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Uma pesquisa do Centro Psicológico do Controle do Estresse mostrou que 32% das crianças brasileiras sofrem com o problema. Assim como na vida adulta, na infância os agentes estressores são igualmente diversos. Não existe uma única causa. "Alguns exemplos incluem abusos e negligência (como passar fome ou frio), afastamento prolongado dos pais, cobranças excessivas, sobrecarga de atividades, bullying, conflitos na família, traumas, perda de entes queridos, entre outros", destaca o médico.
Um cotidiano repleto de atividades também pode ser estressante. "Uma criança ou adolescente sobrecarregado, sem tempo para brincar ou dormir, pode sofrer com o estresse. A cobrança excessiva também pode ser prejudicial", ressalta o especialista.

Estresse agudo x estresse crônico

O psiquiatra divide os eventos estressores entre estresse agudo e o estresse crônico. O primeiro ocorre apenas ocasionalmente, mas costumam ser de grande intensidade. O segundo, que são estressores de menor magnitude, são quase cotidianos. "A morte de um ente querido ou ser vítima de um assalto seriam então eventos agudos, enquanto o bullying e a sobrecarga de atividades são geralmente estresses crônicos", exemplifica. A diferenciação é importante por conta do ponto de vista biológico, do impacto que cada um dos tipos tem no organismo.
Mas, como saber se uma criança está estressada? A mudança no comportamento é a resposta. "Mas não há uma forma única de reagir ao estresse. Muitas crianças reagem internalizando o problema (ficando deprimida, ansiosa, inibida) ou o externalizando (ficando irritada, agitada, birrenta, agressiva", pondera. O importante é ficar atenta a transformações significativas e constantes de humor dos pequenos.


  • Respirar bem acalma os pensamentos
  • Exercícios diminuem a tensão
  • Acorde mais cedo e relaxe

Tratamento e prevenção

A partir do momento que se detecta o estresse na criança é preciso reverter o quadro. No caso de um cotidiano sobrecarregado, a diminuição das atividades pode resolver. Segundo Kummer, há ainda situações maiores e que exigem políticas públicas de alta complexidade. "Imagine casos de crianças que vivem em áreas de risco, assediadas pelo tráfico, no meio da guerra, por exemplo. Se ela não melhora após o afastamento do estressor, pode ser preciso uma ajuda especializada com psicólogos e psiquiatras", diz.



Reflexos no futuro

O estresse em determinados períodos do desenvolvimento pode afetar a estrutura e a função de certos órgãos que podem persistir por toda a vida. "O impacto não é somente psicológico, tornando adolescentes e adultos mais sensíveis a estresse e a transtornos mentais, mas também físico. Ele nos deixa mais suscetíveis a doenças metabólicas, cardíacas e osteomusculares", conclui Kummer.


fonte: http://www.minhavida.com.br/conteudo/12405-Saiba-como-o-estresse-pode-afetar-as-criancas.htm




domingo, 27 de março de 2011

Entrevista sobre TDAH

Por Gestalt em Movimento
Publicado: 20 de fevereiro de 2011

O Transtorno Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) tem sido bastante discutido por profissionais de diversas áreas. Enquanto, Gestalt-Terapeutas, o TDAH se mostra como um ajustamento criativo através do qual a pessoa está tentando lidar com o seu meio (ambiente/contexto), naquele momento.



Segue abaixo uma entrevista com uma pediatra que ao nosso ver traz muita contribuição ao tema.

“A droga da obediência”



De CartaCapital



Lívia Perozim 10 de fevereiro de 2011 às 20:29h



A pediatra Maria Aparecida Moysés questiona o uso de remédios para focar a atenção. Ela alerta: o efeito de acalmar é sinal de toxicidade.



O Brasil é o segundo maior consumidor mundial dos psicotrópicos chamados metilfenidatos, prescritos para o tratamento de crianças diagnosticadas como portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Atrás apenas dos Estados Unidos, consumimos, em 2009, 2 milhões de caixas, ante as 70 mil consumidas em 2000. A droga, usada para tratar do que é considerado um distúrbio neurobiológico, é consumida, entre outros, por crianças e adolescentes desatentos, agitados e com dificuldades escolares. Apelidado de a “droga da obediência”, por acalmar e focar a atenção, o medicamento leva os sugestivos nomes de Concerta e Ritalina (produzidos pelos laboratórios Janssen Cilag e Novartis, respectivamente). Seu uso, no entanto, provoca acaloradas discussões. A pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, da Unicamp, é uma das vozes médicas a questionar a existência de “uma doença neurológica que só altere comportamento e aprendizagem”. Nessa entrevista, ela explica as reações adversas da droga e afirma que os critérios para diagnosticar o TDAH são normas sociais.



Carta Fundamental: O consumo de metilfenidatos no Brasil foi de 70 mil, em 2000, para 2 milhões de caixas, em 2009. A que a senhora atribui esse aumento?

Maria Aparecida Affonso Moysés: Outro dado é que o Brasil só perde para os Estados Unidos no consumo dessa droga, o que é assustador, porque este não é um medicamento seguro. O metilfenidato tem várias reações adversas. E veja só: não são efeitos colaterais, são reações adversas e indicam a retirada imediata da droga.



CF: Que tipo de reação?



MAAM: No sistema nervoso causa insônia, cefaleia, alucinações, psicose, suicídio e o principal efeito chamado de Zumbi Like. Significa agir como um zumbi, ou seja, a pessoa fica quimicamente contida em si mesma. Todos esses são sinais de toxicidade e indicam a retirada imediata da droga. No sistema cardiovascular o remédio causa arritmia, taquicardia, hipertensão, parada cardíaca. O risco de morte súbita inexplicada em adolescente é estimado em 10 a 14 vezes maior entre aqueles que tomam o remédio, segundo uma pesquisa de 2009 da Food and Drugs Administration (FDA) e de National Institute of Mental Health (NIMH). Não é desprezível. Além disso, interfere no sistema endócrino, na secreção dos hormônios de crescimento e dos sexuais. É uma substância com o mesmo mecanismo de ação e as mesmas reações adversas da cocaína e das anfetaminas.



CF: O metilfenidato é um estimulante usado para acalmar?

MAAM: Ele acalma pelo efeito zumbi, uma toxicidade. Uma coisa que não se pensa muito é o seguinte: o metilfenidato foca a atenção em quê? É aleatório. Ao conter as atividades cerebrais de tal modo que você não se distraia, esta única coisa em foco é eleita ao acaso. É o que passa pela frente. Não é uma substância que te faz focar no estudo. Não existe isso.



CF: O Brasil perde apenas para os EUA no consumo de metilfenidatos. O que aproxima as sociedades médicas desses países?

MAAM: A sociedade médica brasileira, há 50 anos, era voltada para a França. Hoje é voltada para os EUA. É quase mundial isso, mas na Europa ainda há uma resistência. Somos muito dependentes da tecnologia e da cultura americana, que impõe essa padronização e normalização das pessoas. A gente constrói uma sociedade que quer uma criança cada vez mais ativa e ligada no mundo. Crianças com 4 anos mexem no computador com várias janelas abertas ao mesmo tempo. Quando elas chegam na escola, queremos que elas façam uma coisa só e não questionem. Queremos crianças criativas, ótimas e submissas! Elas questionam, querem saber o porquê. O “não” não basta mais. E os adultos não aguentam isso. A sociedade é muito incomodada com os questionamentos e a gente acaba abafando isso via substância química. Junte isso ao interesse financeiro das indústrias farmacêuticas. Elas financiam cursos, viagens para médicos, vantagens em clínicas. Curso para professores financiado por um laboratório é algo estranho. Não sejamos ingênuos: eles estão, na verdade, treinando professores para identificar futuros clientes consumidores de suas drogas. E esse é um peso muito forte, que consta, inclusive, em relatório do departamento de justiça dos EUA, mostrando como a Ciba-Geigy (Laboratório que viria, a partir de 1996, a formar a Novartis) – financiava entidades de familiares e profissionais ligados à defesa das pessoas com TDAH.



CF: Quais os efeitos desses psicotrópicos quando tomados por longo período?

MAAM: Isso consta em qualquer livro de farmacologia. Vários trabalhos mostram que existe um risco de dependência química muito grande, além de uma dependência psíquica, porque a pessoa se sente mais ativa mesmo. E tem várias pesquisas mostrando que, quando a criança começa a tomar aos 4 anos e retiram o remédio aos 18, existe uma tendência muito grande de drogadição por substância mais pesadas. Se a criança está usando um estimulante desde os 5, 6 anos, ela vai buscar outra droga quando interrompe este uso. No mundo todo, clínicas relatam que metade dos adolescentes conta que começaram a drogadição e a mantém com ritalina. E a fala desses adolescentes é que eles começaram a usar porque é barato, acessível, fácil de comprar, embora tenha receita controlada. Segundo eles, os médicos diziam que era seguro. Como dizem até hoje. Mas não é uma droga segura.



CF: A discordância não é só quanto ao uso ou não da medicação, mas quanto à existência do próprio transtorno.

MAAM: A discordância básica é que não existe uma comprovação aceita de que haja uma doença neurológica que só altere comportamento e aprendizagem. Isso ainda não foi provado. A lógica da medicina é comprovar a doença e depois tratar. Para essa, o remédio foi encontrado antes.



CF: A comprovação seria se encaixar nos critérios do questionário Snap-IV.

MAAM: Aqueles critérios são altamente questionáveis. Aquilo não é critério de doença, é norma social. Como posso transformar uma norma social em biológica? O Snap-IV contém 18 perguntas, e as primeiras nove falam de atenção, e as outras, de hiperatividade. Se você preencher seis das perguntas, tem o diagnóstico de déficit de atenção, hiperatividade ou dos dois. Todas as questões falam de comportamento. Só com base nisso afirmam a presença de uma doença neurológica?



CF: A partir de que idade uma criança pode ser diagnosticada?

MAAM: Há relatos na medicina americana de crianças de 2 anos que teriam dislexia quando entrassem na escola. Como identificar que alguém vai ter dificuldades de ler e escrever aos 2 anos?



CF: Quem defende o uso da medicação argumenta que apenas seu uso incorreto não é seguro e que a criança que não é diagnosticada sofre.

MAAM: Sofre por causa da sociedade. Eu quero trabalhar o conflito que ela está vivendo e libertá-la desse conflito e de uma doença que ela não tem. É preciso entender isso até para poder superar e enfrentar. Agora, quando digo você é doente vou te dar um remédio, os pais ficam aliviados porque, enfim, encontram o problema e podem tratar o filho. Esse é o sonho de todo pai. Mas eles estão iludidos porque essa criança, na verdade, não está sendo tratada. Ela está introjetando ser doente, ter algum problema e tudo o que ela conseguir na vida vai ser porque foi tratada. É totalmente desconsiderada em que situação isso é produzido. Porque os problemas de aprendizagem são todos produzidos.



CF: O rendimento na escola das crianças medicadas melhora.

MAAM: É preciso provar que foi a droga porque se inicia um trabalho pedagógico com a criança, afirma-se que ela está doente, que está sendo tratada, a professora vai ensinar de um modo diferente, ela vai acreditar que pode aprender. A revisão dos trabalhos publicados que preenchem todos os requisitos de pesquisa científica mostra que não há melhora consistente do desempenho acadêmico. Esta é, inclusive, a conclusão de uma reunião feita nos EUA para estabelecer consensos para o diagnóstico e tratamento.



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