domingo, 21 de agosto de 2011

Transtorno de deficit de atenção tem ligação com outros males

Estudos sobre TDAH PDFImprimirE-mail
Escrito por Assis
Sex, 12 de Agosto de 2011 11:51
Transtorno de deficit de atenção tem ligação com outros males

Carolina Vicentin (Correioweb)
Publicação: 12/08/2011

Um dos distúrbios mais estudados dos últimos tempos, o transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ocorre devido a variações genéticas que também podem provocar o autismo. Em um artigo publicado ontem na revista Science Translational Medicine, pesquisadores comprovaram, pela primeira vez, algo que os médicos já percebiam nos consultórios: a ligação entre o TDAH e patologias psíquicas mais graves, entre elas, as do espectro autista. A equipe de cientistas canadenses encontrou exatamente a mesma alteração em pedaços do DNA de nove pacientes autistas e de cinco com o problema da falta de concentração. Embora a amostra ainda seja pequena, ela representa o primeiro passo para entender com mais clareza a incidência de doenças mentais e neurológicas.

O TDAH atinge de 3% a 5% das crianças, com maior prevalência entre os meninos. “São pequenos muito inquietos, agitados, que não conseguem se concentrar e, consequentemente, têm dificuldades para aprender”, explica a psiquiatra Ana Hounie, pesquisadora da Universidade de São Paulo. A doença tem alta taxa de comorbidades, ou seja, frequentemente, vem associada a outros males, como a ansiedade, os transtornos de comportamento e, até mesmo, a dependência química. O autismo é outra dessas patologias. Seus sintomas incluem a fixação por determinado assunto e a resistência a se envolver com novas atividades.

Essas doenças são provocadas por fatores genéticos, associados a causas ambientais. “O pai ou mãe de uma criança com deficit de atenção, provavelmente, tiveram o mesmo problema na infância, assim como gêmeos idênticos têm mais probabilidade de desenvolver o TDAH que os não idênticos”, detalha Russell Schachar, do Hospital para Crianças Doentes de Toronto, no Canadá, um dos autores do estudo divulgado ontem. Mesmo com essas pistas, contudo, a ciência ainda não conhece todos os genes responsáveis pelos distúrbios. O pesquisador e outros colegas canadenses partiram, então, para uma busca mais detalhada das partes do código genético que causam a falta de concentração.

Para isso, eles adotaram técnicas sofisticadas de mapeamento do genoma, com máquinas capazes de oferecer uma resolução melhor de pedaços menores das amostras. “Nós estávamos interessados em encontrar cópias raras de genes que nunca foram vistas na população em geral e que existem apenas no DNA das pessoas com deficit de atenção”, explicou Schachar ao Correio. Das 248 amostras, 89% delas tinham variações nos seguintes genes: ASTN2, ASTN2-introni, TRIM32, CHCHD3 e MACROD2, além da região 16p11.2 da cadeia. “Em quase 90% dos genomas estudados, havia essa variação de número de cópias raras e poucas apresentavam mutações propriamente ditas, que são comuns em outras desordens”, comenta o especialista.

A alteração do número de cópias, contudo, existe em doenças psíquicas complexas, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar — fato que intrigou a equipe canadense. Para tirar a prova dos nove, os pesquisadores coletaram amostras de genoma de 348 pessoas com autismo e realizaram a mesma análise minuciosa do material. Surpreendentemente, o código genético de nove dos participantes tinha exatamente a mesma característica que o coletado em cinco voluntários com o transtorno de deficit de atenção.

Segundo os especialistas, o material identificado no grupo com TDAH aumenta o risco de incidência de doenças psiquiátricas do mesmo porte do autismo. Isso ajudaria a explicar por que é comum ver uma criança com autismo e TDAH ao mesmo tempo e, não raro, um menino ou menina com deficit de atenção associado a outros sintomas do espectro autista. “Nós encontramos um marcador genético das duas doenças, mas não para a vasta maioria dos pacientes. Agora, precisamos olhar mais profundamente para novas amostras e procurar esse sinal em níveis ainda mais profundos do genoma”, afirma o pesquisador.

Aplicações
A descoberta canadense ainda não tem grandes implicações clínicas. Embora a análise do DNA possa determinar o diagnóstico do deficit de atenção, por exemplo, lançar mão desse recurso seria desnecessário. “Há uma série de testes psíquicos e psicológicos que definem o TDAH e esse sistema funciona bem”, esclarece Russell Schachar. O especialista acredita, entretanto, que as revelações do estudo podem contribuir para o tratamento do distúrbio já em curto prazo. “Se você confirmar que o paciente tem sinais genéticos comuns ao TDAH e ao autismo, é possível receitar um medicamento mais eficiente”, sugere.

César Moraes, coordenador do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), acredita que a pesquisa publicada ontem dá um passo fundamental na busca por marcadores genéticos que caracterizem definitivamente as duas doenças. “Esse artigo é muito importante, pois consegue demonstrar que há fatores genéticos comuns ao diagnóstico de TDAH e aos transtornos do espectro autista”, comenta. Schachar vai ainda mais longe: com esse achado, aumentaram os desafios para a medicina, que agora precisa encontrar fatores de risco presentes em mais de uma doença psíquica.

E os trabalhos já começaram. O especialista canadense e seus colegas estão coletando amostras do genoma de 5 mil pessoas com qualquer indício de desordem mental. A ideia é avaliar o material com grande acuidade para identificar qualquer traço compartilhado entre as patologias. Segundo Schachar, esse levantamento muda, inclusive, a forma de se fazer ciência. “No passado, as pessoas excluíam amostras de pacientes que tinham sintomas tímidos das doenças, mas nós vamos recrutar casos com qualquer sinal de problemas neuropsiquiátricos e procurar por suas variações de cópias raras. Se acharmos, vamos investigar isso em suas famílias também”, adianta.

Responsabilidade compartilhada
A pesquisa conduzida no Hospital da Criança Doente de Toronto, em parceira com universidades do Canadá, se baseia no conceito de pleiotropismo. Isso acontece quando uma parte específica de um gene pode estar associada tanto à presença de sintomas de uma doença quanto à de outra patologia. No caso desse estudo, os genes compartilham a “responsabilidade” pelo TDAH e pelo autismo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SÍNDROME DO “MOZINHO”

Revirando meus arquivos achei um artigo que comecei a algum tempo atrás e que deixei de lado por causa da correria e falta de tempo. Li de novo e teria que arrumar muita coisa ainda, mas vale compartilhar. Tem uma certa dose de "humorzinho"...

SÍNDROME DO “MOZINHO


“O tema é um ponto de partida para um poema e não um ponto de chegada, da mesma forma que a bem-amada é um pretexto para o amor”. Mário Quintana


Diante de fatos que me aparentaram ser tão expressivos, me vi intrigada com o comportamento dos seres humanos em relação ao que se diz respeito ao amor. Tão comum ou presente em nossas vidas o amor surge e se instala no individuo. Quando expressado reflete um tipo de comportamento no mínimo esquisito/curioso (sem deixar de ser singular), ou qualquer outra definição que ainda não tenho a capacidade de transformar em palavras, permanece para mim, ainda, muito enigmático. Este comportamento refletido é expresso de diferentes maneiras, com expressões tão diversas quanto os mistérios que existem entre o céu e a terra. Exagero? Você já reparou? Já parou para observar tal tipo de comportamento? Pois é... para mim é evidente o transparecer de um certo “sei lá o que” um tanto incompreensível. É claro que ainda é muito cedo para poder afirmar qualquer tipo de coisa a respeito da síndrome do “mozinho” (nome ainda em construção), mas é de grande atração as primeiras constatações observáveis que podem ser feitas sem maiores esforços.
Tudo parece iniciar-se aparentemente normal/de forma natural. O casal se conhece e se trata pelo nome, o tempo vai passando, a intimidade vai se construindo e ficando cada vez maior. Os apelidos vão começando a surgir, até ai tudo bem. Depois de certo tempo os apelidos vão se transformado em “apelidinhos”... O comportamento vai se mostrando cada vez mais intrigante. Primeiramente os apelidos se voltam para os diminutivos, mas não contentes com os inhos e inhas o casal começa a generalizar e a usar derivativos, sinônimos, adjetivos, animais e o que mais a criatividade deles puderem lhes proporcionar e forem capazes de inventar. Conforme a história de cada um vai acontecendo, todas as suas vivências e besteiras cotidianas vão tornando a coisa cada vez mais preocupante. Digo preocupante, pois enxergamos neste momento o nível de intimidade de um casal quando o “apelidinho” pelo qual eles se chamam começa a ficar indecifrável. Geralmente são “apelidinhos” que não fazem alusão a coisa nenhuma (e nós nunca saberemos de onde estes tão criativos apelidos surgiram).
O tempo continua a passar e os tais “apelidinhos” vão se tornando o menor dos problemas. Somados aos tão carinhosos “apelidinhos” estão os comportamentos, a linguagem usada, os cuidados exagerados, as diferentes maneiras de tratamento e expressão de sentimentos, que chegam a ser sufocantes... é uma emoção de ampliação quase patológica. Os acometidos por este sentimento parecem perder a sua individualidade, a sua identidade e poder de raciocínio. Sentem-se, agora, resgatando a sua identidade apenas quando na presença desse outro (permanecem sob seu poder). Mas é claro que não podemos generalizar, ou falar que isso seja ruim. O que quero refletir aqui é a mudança que acontece no comportamento de cada pessoa quando esta está apaixonada. Dentro desta linha de raciocínio o amor pode ser compreendido como um “vício”, uma espécie de droga que debilita a mente do individuo e o faz entrar num processo de intensa regressão...


Ana Carolina dos Santos Rateke
Email: carolinarateke@hotmail.com