sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mulheres que correm com os lobos

 

LivroMulheresQueCorremComOsLobos-01Mulheres que correm com os lobos
Clarissa Pinkola Estés (Editora Rocco)
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Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Seu livro, Mulheres que Correm com os Lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos.
Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações “psíquico-arqueológicas” nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.
(Sinopse extraída do site da Editora Rocco)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Depressão faz doentes enxergarem em tons de cinza

 

A tela 'The Old Guitarist', de Pablo Picasso, foi produzida em 1903 (Foto: Divulgação)
- Título oficial: Seeing Gray When Feeling Blue? Depression Can Be Measured in the Eye of the Diseased
- Publicação: Biological Psychiatry
- Quem fez: Pesquisador Dr. Ludger Tebartz van Elst
- Instituição: Universidade de Freiburg, na Alemanha
- Dados de amostragem: A análise alemã foi realizada com dois grupos de 20 pessoas. Do total dos voluntários, 50% era diagnosticado com depressão e os demais 50% não apresentava qualquer sintoma da doença.
- Resultado: O estudo mostrou que pessoas depressivas são realmente menos sensíveis aos contrastes de cor e enxergam em tons de cinza.
O mundo é literalmente cinza para as pessoas que sofrem de depressão. A descoberta, realizada por cientistas alemães, prova o que há séculos é manifestado na pintura, na literatura e em outras artes. Segundo um estudo da Universidade de Freiburg, na Alemanha, a doença causa uma alteração fisiológica nos olhos, cujo efeito é a perda de sensibilidade na visão.
Os pesquisadores realizaram testes na retina de pacientes voluntários e mostraram que o efeito é semelhante ao ato de diminuir o controle de contraste em uma TV. Para os especialistas, a conclusão da experiência foi tão clara que eles acreditam poder usar o teste de visão para medir níveis de depressão em pacientes que apresentem sintomas da doença.
Essa pode ser a razão pela qual, ao longo dos tempos, independentemente da cultura ou língua, os artistas retratam a depressão usando símbolos da escuridão e tons cinzentos.
- O que já se sabia sobre o assunto

Paulo Dalgalarrondo, psiquiatra
Pacientes diagnosticados com depressão relatam com frequência sintomas como a perda de sensibilidade (hipoestesia, no contexto médico) em seus sentidos sensoriais. Para Paulo Dalgalarrondo, psiquiatra do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), essa é uma reclamação constante de quem busca tratamento para a doença.
Dalgalarrondo explica que, quando diagnosticadas com depressão grave, as pessoas tendem a dizer que as cores já não têm a cor que tinham, que a música não soa como soava antes e que a sensação é realmente de que o mundo está mais apagado.
O médico ressalta, no entanto, que essas alterações na visão ao longo do período em que a pessoa está doente não são irreversíveis. À medida que o paciente cura a doença, sua retina volta ao normal e ele passa a enxergar como antes.
Segundo Dalgalarrondo, o assunto é popular entre os especialistas da área, no entanto ele afirma que a abordagem fisiológica, baseada no estudo na retina, é inédita e bastante interessante para a comunidade científica.
Especialista: Paulo Dalgalarrondo, psiquiatra do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Envolvimento com assunto: Atende pacientes com depressão há mais de 20 anos.
- Conclusão
Mais uma vez os artistas foram pioneiros na identificação dos males que atormentam a sociedade. O estudo mostra que, séculos depois, os pesquisadores só estão comprovando cientificamente o que há anos já era retratado nas telas e na poesia.
(Por Renata Honorato)

sábado, 21 de abril de 2012

Terapia do século XIX se mostra útil contra Parkinson

Efeitos benéficos de cadeira vibratória, porém, podem vir do efeito placebo

Parkinson Pacientes tratados com a tecnologia sentiram melhorias em sua função motora (Thinkstock)
O francês Jean-Martin Charcot é considerado um dos pais da neurologia moderna. No final do século XIX, ele desenvolveu uma cadeira vibratória para tratar a doença de Parkinson. A tecnologia alcançou bons resultados na época e conseguiu aliviar os sintomas de diversos pacientes. No entanto, Charcot morreu pouco depois, e não realizou estudos mais detalhados sobre como ela funcionava. Agora, um grupo de cientistas do Centro Médico da Universidade Rush, nos Estados Unidos, replicou o experimento e testou seus benefícios usando os parâmetros científicos atuais.

Opinião do especialista

Erich Fonoff Neurocirurgião da Divisão de Neurocirurgia Funcional do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP


“Charcot foi um dos fundadores da neurologia como disciplina da medicina. Ele estudava várias doenças, entre elas o Parkinson. Como ele era muito conhecido, os pacientes vinham de longe para se consultar com ele. Eles iam de carroça ou trem, meios de transporte que tinham uma vibração. O que o médico percebeu é que os pacientes chegavam melhor, e depois de alguns dias pioravam. Ele atribuía isso a algo que tinha acontecido na viagem”
“Os pesquisadores usaram uma cadeira vibratória, dessas usadas para massagem. Como os dois grupos de voluntários apresentaram melhoras, eles concluíram que a vibração não era significativa. No entanto, a pesquisa mostrou que as pessoas que sentaram na cadeira vibratória tiveram um benefício um pouco maior. Podemos traçar duas hipóteses a partir disso. Ou as melhoras foram efeito de placebo ou o grupo de pessoas estudadas não era suficientemente grande para provar um pequeno efeito da vibração. Se esse efeito existir, ele deve ser menor que o de um remédio.
"O Parkinson é uma doença que afeta a sintonia dos circuitos neuronais. Uma das teorias que existe é que a falta de dopamina causa uma alteração nessa sintonia, e a informação não é carregada de modo efetivo entre os neurônios. Por isso acontecem os tremores. Quando você aplica uma vibração no corpo da pessoa, seus neurônios sensitivos capturam isso. É possível que, para cada paciente, exista uma frequência de vibração que melhore a sintonia entre seus neurônios. Isso é uma teoria, que também pode explicar porque os resultados dessa pesquisa não foram tão satisfatórios, já que foi aplicada a mesma frequência a todos os voluntários.”
A pesquisa, que foi publicada na edição deste mês do Journal of Parkinson's Disease, mostrou que a cadeira de fato aliviava os sintomas da doença. No entanto, os cientistas descobriram que as melhoras não necessariamente vinham das vibrações do aparelho, mas podiam ser resultado do efeito placebo.
A tecnologia foi desenvolvida por Charcot depois de conversar com seus pacientes que sofriam de Parkinson, e ouvir que os sintomas desconfortáveis e dolorosos da doença passavam após longas viagens de trem ou carruagem. Foi aí que ele teve a ideia de construir uma cadeira que copiava o chacoalho constante dos veículos.
Para testar os benefícios da tecnologia, a equipe da universidade selecionou 23 pacientes com a doença, e os colocou aleatoriamente para sentar ou em cadeiras normais ou em cadeiras vibratórias que emulavam a invenção do século XIX. "Nós tentamos copiar o protocolo de Charcot com equipamentos modernos, para confirmar ou refutar sua observação histórica", disse Christopher Goetz, coordenador do estudo. Durante cada sessão de 30 minutos na cadeira, os voluntários ouviram um CD com sons da natureza, para ajudá-los a relaxar. O tratamento, diário, durou um mês.
Como resultado, os pacientes que sentaram na cadeira vibratória apresentaram uma grande melhoria em suas funções motoras. Já os pacientes que sentaram nas cadeiras normais mostraram um grau um pouco menor de melhora, mas ela ainda foi significativa. Os dois grupos sentiram benefícios em relação à depressão, ansiedade, fadiga e horas de sono, além de terem se mostrado satisfeitos com o tratamento.
A conclusão dos pesquisadores foi que as melhorias não foram causadas pela vibração em si, mas por algum outro fator presente no experimento, como o efeito placebo. "Nossos dados sugerem que tanto os estímulos sensoriais auditivos somados ao relaxamento numa cadeira, como a simples participação na pesquisa podem ter benefícios equivalentes à vibração na função motora dos voluntários", disse Goetz.
Saiba mais sobre a doença de Parkinson nos vídeos abaixo:


*O conteúdo destes vídeos é um serviço de informação e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.

Fonte: REVISTA VEJA -  20 de abril de 2012
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/terapia-do-seculo-xix-se-mostra-util-contra-parkinson

sexta-feira, 20 de abril de 2012

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Depressão na Adolescência


A depressão em jovens, além dos prejuízos pessoais, acarreta sofrimento de toda a família. Às vezes pode até levar ao suicídio.




Durante muitos anos acreditou-se que os adolescentes, assim como as crianças, não eram afetadas pela Depressão, já que, supostamente, esse grupo etário não tinha problemas vivenciais. Como se acreditava que a Depressão era exclusivamente uma resposta emocional à problemática existencial, então quem não tinha problemas não deveria ter Depressão.
Atualmente sabemos que os adolescentes são tão susceptíveis à Depressão quanto os adultos, mostrando assim que esse transtorno deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias. A Depressão pode interferir de maneira significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente, podendo até levar ao suicídio. Quase todas as pessoas, sejam jovens ou idosas, experimentam sentimentos temporários de tristeza em algum momento de suas vidas.
Estes sentimentos fazem parte da vida e tendem a desaparecer sem tratamento. Isso não é Depressão isso é tristeza. Quando falamos de "Depressão", estamos falando de uma doença com sintomas específicos, com duração e gravidade suficiente para comprometer seriamente a capacidade de uma pessoa levar uma vida normal.
Não devemos, nem por brincadeira, julgar as pessoas deprimidas como se elas estivessem ficando loucas, nem tampouco devemos achar que há motivos para o deprimido se envergonhar.
A Depressão é uma doença como tantas outras da medicina, sem motivos para vergonha e com real necessidade de tratamento, assim como a medicina faz com a asma, gastrite, hipertensão, etc. Essa doença afeta pessoas de todas as idades, de todas as nacionalidades, em todas as fases da vida. Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra de Depressão (incidência) e que cerca de 10% a 25% das pessoas possam apresentar um episódio depressivo em algum momento de sua vida (prevalência).
Entre aqueles que já sofreram um Episódio Depressivo, há maior probabilidade de terem mais outros episódios depressivos ao longo de suas vidas, embora esta probabilidade varie muito de pessoa para pessoa.
Esse assunto é também tratado aqui, na secção de Adolescência, porque muitas pessoas apresentam uma primeira crise de Depressão durante a adolescência, apesar de nem sempre essa crise ser reconhecida. Segundo os especialistas, a Depressão comumente aparece pela primeira vez em pessoas com idade entre 15 e 19 anos.
Há muitas tentativas de se definir adolescência, embora nem todas as sociedades possuam este conceito. Cada cultura possui um conceito de adolescência, baseando-se sempre nas diferentes idades para definir este período. No Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente define esta fase como característica dos 13 aos 18 anos de idade.
A puberdade tem um aspecto biológico e universal, caracterizada que é pelas modificações visíveis, como por exemplo, o crescimento de pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal, desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc. Estas mudanças físicas costumam caracterizar a puberdade, que neste caso seria um ato biológico ou da natureza.
De fato, observou-se nas duas últimas décadas um aumento muito grande do número de casos de Depressão com início na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. Talvez seja porque o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo, competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação que se deparam diariamente.
De modo geral os adolescentes se deparam com várias situações novas e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem flutuações do humor e mudanças expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem desenvolver quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar Depressão, ainda que os sentimentos de tristeza não sejam os mais evidentes.
Comportamento Agressivo
Os traços afetivos da personalidade talvez sejam as condições capazes de explicar a razão pela qual alguns adolescentes se tornam deprimidos enquanto outros não. Como ocorre com qualquer outra doença, algumas pessoas são mais suscetíveis que outras, além disso. Embora as tensões da vida cotidiana do adolescente sejam importantes fatores para o aparecimento da Depressão muitos jovens passam por acontecimentos desagradáveis sem desenvolver Depressão. A tristeza, comum nos momentos de reflexão da adolescência, é uma experiência normal que geralmente não progride para Depressão se a pessoa não tiver outros requisitos emocionais propícios ao desenvolvimento do transtorno afetivo.
Conflitos da Adolescência
Hoje em dia é comum pais se orgulharem ao ver seu filhinho/a lidando perfeitamente bem com o computador, com o vídeo cassete, com aparelho de DVD e outras parafernálias da tecnologia, muitas vezes quando eles próprios não sabem fazê-lo ou fazê-lo tão bem.
Criança e Idoso
Essa admiração pela versatilidade tecnológica das crianças é, às vezes, acompanhada de hipóteses familiares (notadamente de avós orgulhosos) sobre "as crianças de hoje serem mais inteligentes e espertas que antes". Na realidade, o que tem acontecido é que as crianças de hoje deixam de ser subordinadas na medida em que detém mais saber ou experiência, deixam de submeter-se à supervisão dos mais velhos, como foi durante muitas eras.
O conflito surge quando a criança se percebe frente a posições contraditórias. Ela é, ao mesmo tempo, aquela que não sabe por não ser adulta ainda, portanto, tendo que obedecer ao protocolo cultural de freqüentar a escola, cursos cada vez mais sofisticados e esportes que deixaram há muito o aspecto apenas lúdico e, por outro lado, ela já não pode portar-se puerilmente. Não pode ser criança por saber mais que os próprios pais a lidar, portanto por ter responsabilidades, com os apetrechos da vida moderna tecnológica.
Assim sendo, os adolescentes se encontram imersos num mundo de ambigüidades e contradições. Entre as pulsões para "abraçar o mundo", passando por cima de tudo e de todos, e momentos de Depressão e frustração, o adolescente se ressente da falta de liberdade e autonomia dos adultos e, ao mesmo tempo, não pode usufruir da irresponsabilidade da infância.
Durante a puberdade, geralmente, a fase inicial das mudanças no aspecto físico é contrária aos modelos de estética ideais. A garota gostaria de já se ver com seios fartos, ancas roliças, etc., e o menino desejaria ter a musculatura desejável, barba, etc. Essa distonia entre o corpo e a aspiração pode desencadear sérias dificuldades de adaptação, uma baixa auto-estima, uma falta de aceitação pessoal, resultando em problemas depressivos, anoréxicos, obsessivo-compulsivos.
As novas relações sociais do adolescente, notadamente com os pais e com o grupo de iguais também podem ser e forte fonte de ansiedade, confusão e sentir que ninguém o entende. Paralelamente, sobrevém a angústia de estar só e de ser incapaz de decidir corretamente seu futuro.
Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades econômicas, doença física ou morte.
Sintomas
O adolescente possui tendência natural para comunicar-se através da ação, em detrimento da palavra. Por isso, na busca de uma solução para seus conflitos, os jovens podem recorrer às drogas, ao álcool ou à sexualidade precoce ou promíscua. Tudo isso na tentativa de aliviar a angústia ou reencontrar a harmonia perdida. Angustiados e confusos, podem adotar comportamentos agressivos e destrutivos contra a sociedade. Por isso tem sido comum observarmos o adolescente manifestar sua Depressão através de uma série de atos anti-sociais, distúrbios de conduta, e comportamentos hostis e agressivos.
Entre adolescentes a Depressão também pode ser "mascarada" por problemas físicos e queixas somáticas que parecem não ter relação com as emoções. Estes problemas podem incluir alterações de apetite ou distúrbios de alimentação, tais como anorexia nervosa ou bulimia. Alguns adolescentes deprimidos podem se sentir extremamente cansados e sonolentos o tempo todo, e exaustos mesmo depois de terem dormido por várias horas.
Embora a Depressão Atípica seja a norma entre crianças e adolescentes, a Depressão franca ou típica também pode ser comum. O jovem deprimido confia pouco em si mesmo, tem auto-estima baixa, experimenta alterações no apetite e no sono, se auto-acusa e tem lentidão dos pensamentos. A baixa auto-estima faz com que veja a si mesmo como sem valor, feio, desinteressante e cheio de falhas pessoais (veja Sofrimento Moral). Estes sentimentos angustiantes e depressivos levam, invariavelmente, a prejuízo na saúde, na escola, no relacionamento familiar e social.
Durante um Episódio Depressivo o jovem costuma sentir-se inquieto ou irritado, isolar-se de amigos ou familiares, ter dificuldade de se concentrar nas tarefas, perder o interesse ou o prazer em atividades que antes gostava de realizar, sentir-se desesperançado e ter sentimentos de culpa e perda do prazer em viver. Pode também ter alterações do sono, por exemplo, ir dormir mais tarde do que costumava fazer, acordar cedo demais, ter sonolência durante o dia; e do apetite, que o leva a ganhar ou perder peso.
Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar suicídio. Faz isso de forma franca ou velada. De forma velada age de maneira inconsciente, envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes, acidentes automobilísticos, uso progressivo de drogas e álcool, ingestão de comprimidos perigosos, uso de armas de fogo, etc.
O Risco de Suicídio
Atualmente, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos de idade é o suicídio. A primeira causa são os acidentes, principalmente com automóveis. O índice de suicídio entre pessoas jovens triplicou nos últimos 30 anos (Referência).
Quando uma pessoa fala a respeito de cometer suicídio, ao contrário do que pensam muitos, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério. As pessoas que falam em suicídio podem estar, de fato, pensando em praticá-lo e, sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o suicídio sempre dão uma espécie de "aviso" sobre suas intenções.
Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno do humor que, eventualmente, pode resultar em suicídio são:
1. Mudanças acentuadas na personalidade
2. Mudanças acentuadas na aparência,
3. Alterações nos padrões de sono
4. Alterações nos hábitos alimentares
5. Prejuízo no rendimento escolar.
6. Falar sobre morte ou suicídio
7. Provocar ferimentos em si próprio
8. Pânico ou ansiedade crônicos
9. Distribuir objetos pessoais
Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.
Grosso modo, podemos dividir os adolescentes vulneráveis ao suicídio em três grupos:
1. Adolescentes com sintomas clássicos de Depressão, tais como tristeza e desesperança.
2. Perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões muito alto de desempenho.
3. Garotos que expressam sua Depressão com comportamentos agressivos ou atitudes de se expor a situações de risco, uso de drogas e confrontos com autoridades.
A Depressão neste grupo pode ser particularmente difícil de detectar, uma vez que estes jovens tendem a negar quaisquer sentimentos de Depressão. Esta é uma situação particularmente perigosa porque este é o tipo de adolescente que mais provavelmente será bem sucedido em sua tentativa de cometer suicídio.
Quem é mais vulnerável à Depressão?
Algumas pessoas são mais suscetíveis à Depressão que outras, tal como ocorre com qualquer outra doença. Além disso, a Depressão resulta de uma combinação de múltiplos fatores e não de apenas uma causa.
De modo geral, as tensões da vida cotidiana, agravadas pelo panorama existencial próprio da adolescência, são importantes fatores que contribuem para o aparecimento da Depressão nos jovens. O medo do fracasso, a discriminação da faixa etária e a pressão para realizar inúmeras tarefas podem contribuir para o aparecimento da Depressão.
Os fatores genéticos têm importante papel no desenvolvimento de Depressão. A ocorrência de Depressão é muito mais freqüente nas pessoas que têm familiares também com transtornos depressivos. Além disso, atualmente as pesquisas concentram-se principalmente na área bioquímica da Depressão.
Acredita-se fortemente que a Depressão possa ser causada por um desequilíbrio de substâncias químicas cerebrais denominadas neurotransmissores, notadamente três deles; a noradrenalina, dopamina e, principalmente, a serotonina. Além disso, os neuroreceptores também desempenham importante papel no estado depressivo.
Tratamento
Muitos jovens deprimidos podem se beneficiar de um programa de tratamento adequado. O primeiro passo, evidentemente, é procurar a experiência de um profissional capacitado para diagnóstico, aconselhamento, tratamento e ajuda. Juntamente com o adolescente, os familiares e o médico podem chegar a uma decisão sobre o tipo mais adequado tratamento para o paciente. Para alguns adolescentes, o aconselhamento pode ser a única terapia necessária. Muitas vezes o tratamento medicamentoso é indispensável mas, mesmo com ele, o aconselhamento que envolve o adolescente e sua família é bastante benéfico.
Existem vários antidepressivos eficazes que podem ser utilizados no tratamento da Depressão na adolescência, especialmente nos casos mais graves. As principais classes destes medicamentos são os Antidepressivos Tricíclicos, Inibidores da Monoaminoxidase (IMAOs), os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) e os Antidepressivos Atípicos.
Ballone GJ, Moura EC - Depressão na Adolescência - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008