quinta-feira, 19 de junho de 2014

domingo, 4 de maio de 2014

Por que as crianças francesas não têm Deficit de atenção?

Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

Por Marilyn Wedge, Ph.D

sexta-feira, 28 de março de 2014

Psicóloga Katia Mafra participa do programa "Ver Mais" com o tema: relacionamentos pela internet

Alguns cuidados ao iniciar relacionamentos via internet



O Ambiente virtual é considerado por muitos um local para encontrar grandes amores. Das diversas pesquisas realizadas com casais que se conheceram pela internet, o que chama a atenção, é o alto percentual de relações matrimoniais bem sucedidas, felizes e duradouras. 
O resultado positivo deve-se talvez ao perfil de quem procura esta opção, decididos a assumir compromissos, além de ter uma vasta gama de opções, selecionando àqueles que mais combinam com seu jeito. 
Existem muitos sites de relacionamentos que inclusive atualizam suas ferramentas de busca e privacidade. Mas esta é uma parte delicada do assunto. 
Alguns cuidados são essenciais para não correr riscos e tornar este mecanismo mais seguro.

Quando as pessoas se conhecem pela internet, em sites de relacionamentos,  muitas são as questões emocionais envolvidas. Uma delas é a idealização aumentada pelo outro, cuja fantasia de mulher ou homem ideal é facilmente projetada. Desta forma a paixão tende a ser mais forte. Como consequência, a vulnerabilidade, que abre espaço para a falta de cuidados e proteção, gerando riscos.

A primeira dica remete a proteção da identidade. Nunca fale seu nome completo, endereço e telefone residencial, ou mesmo do trabalho. Quanto menos informações você passar, mais segurança terá. Neste momento converse sobre comportamento, seus gostos, suas preferências, sua forma de ser e de lidar com o mundo.
 No caminho inverso, procure colher o máximo de informações sobre o outro. Colocar o nome em mecanismos de busca ou mesmo nas redes sociais é uma boa opção para colher mais dados. Os detalhes fazem a diferença. Preste atenção na repetição. Quanto mais ele falar, mais chances de ser verdade. Quem mente geralmente fala pouco, para não induzir ao erro.

Faça muitos contatos com a pessoa que está do outro lado, utilize além do bate papo, SKYPE, MSN, webcam...quanto mais tempo passar conversando, trocando idéias, melhor. A câmera é um ótimo meio para captar a linguagem corporal, expressões faciais e gestos. Mas cuidado com a exposição íntima de sua imagem. Passado esta fase, a troca de telefone celular pode acontecer, o bate papo passa a ser em tempo integral. Os passos  graduais são primordiais nesta etapa.

Os golpistas ou predadores virtuais estão por toda parte. Alguns possuem características comuns, quando querem fazer uma vítima. Eles insistem  muito para obterem seus dados pessoais. Também insistem para que mostrem sua imagem nas câmeras de forma íntima, erótica e até pornográfica. E o golpe pode ser financeiro, quando percebem do outro lado o encantamento e consequente envolvimento, se vitimizam com histórias dramáticas, pedindo dinheiro.Tudo mentira.  É o momento de dizer adeus e denunciá-lo ao site que você o encontrou.

Após descartar a possibilidade de golpe e já estar há um bom tempo em contato com o outro, o encontro presencial será bem-vindo. Mesmo assim, deve-se procurar um lugar público, iluminado, no horário de pico. Avisar um amigo sobre este encontro é oportuno, mantendo-o informado sobre o andamento das coisas. Na volta, sem carona. No início é interessante ter mais cautela. Lembre-se: passos graduais. 

Como se comportar neste primeiro encontro?

Seja você mesma, sem máscaras, verdadeira. Jamais distorça sua imagem para agradar o outro. A idealização acaba ali, naquele instante. Caso no primeiro momento você se decepcione com o que vê ou escuta, aguarde o fluxo natural da conversa. O tempo pode modificar esta primeira impressão. Marque um novo compromisso, junto dos amigos e em local divertido a gosto de ambos. Se não rolar a famosa "química" nada impede de continuar uma boa amizade. 

Algumas impressões

Existe uma grande confusão sobre o mundo real e virtual. Muitas pessoas acham que o mundo virtual é paralelo. Errado! Ele pertence ao mundo real e como tal deve ser preservado a sua privacidade. Qualquer informação ou foto postada na rede, deixa de ser conteúdo privado para se tornar público. Essa é a principal premissa.
Pensem bem antes de postar imagens íntimas. Uma pesquisa aponta o crescimento, entre jovens, de exposição dos seus corpos voluntariamente nas redes sociais. E mais, muitos estão migrando das redes para os aplicativos de bate papo, achando-o mais seguro. Acontece que grupos são formados e compartilham fotos, com conteúdo erótico, deliberadamente sem qualquer censura. Há muitos relatos  de jovens adolescentes que sofreram intimidações após terem seus corpos em situação íntima compartilhadas, principalmente em escolas. O que acarreta um prejuízo pessoal e social afetando a estrutura psicológica desta que passa a ser vítima de uma delicada situação. 

E os pais? Estão cada vez mais ausentes e permissivos. Os jovens passam o tempo todo conectados, inclusive de madrugada, ocasionando desgaste físico e mental naquele  que acorda cedo para freqüentar a escola. Seu desempenho escolar acaba sendo afetado drasticamente. A falta de sono provoca níveis altos de estresse, resultando em prejuízo na qualidade de vida destes.
É o momento de dizer, STOP! Colocar limites. Sabemos que estes pais trabalham muitas horas, chegam cansados em casa, e o que mais querem é que seus filhos não incomodem. O computador é oportuno para essa situação.  Ele fica lá, quietinho, sem exigir atenção. E o efeito rebote? Filhos excessivamente estimulados, estressados, sem limites e o pior, empoderados. Este poder nas mãos imaturas destes jovens pode ser transformado futuramente em arma. E como tal, letal.
Papais e Mamães!  Prestem mais atenção no seu filho. Participem da sua vida, mesmo que sutilmente. Planejem um tempo para ele, mais um tempo com qualidade, onde haja diálogo, troca de idéias e experiências. Procurem se interessar pelos interesses dele, somente assim você estará monitorando suas possíveis escolhas. Tenha em mente que o limite faz parte do processo de desenvolvimento mental,  seja da criança, seja do jovem. 
Enquanto autoridade democrática, assertiva e funcional vocês estarão promovendo uma geração de filhos saudáveis emocionalmente. 

Psicóloga Katia Mafra

Este texto foi escrito após a  participação da psicóloga no programa "Ver Mais" da Record.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Autismo X Novela

Falar sobre o Autismo e a trama da novela seria colocar lenha na fogueira. A minha visão diante dessa ficção segue o caminho do amor, o cuidado, o acolhimento, o olhar, o reforço positivo, o estímulo, o POSSÍVEL.
Na página da ABP um post mostrando o rosto da Linda, personagem autista da novela, relata que, pela Psiquiatria e comunidade cientifica, autistas na idade que ela se encontra não conseguem desenvolver rapidamente e com consubstancia avanços cognitivos e comportamentais. Concordo, em partes. Não consigo ter este olhar limitado da Psiquiatria, pois se assim pensasse largaria minha profissão. Acho válida toda e qualquer forma de estimular as potencialidades. Sabemos pelos pressupostos científicos que reforçadores positivos desenvolvem possíveis potenciais gerando bem estar e qualidade de vida aos pacientes. A medicina tem dificuldades com o diagnóstico autista e todo caso em particular deve ser estudado como alternativa no sucesso terapêutico. Gosto de ver o progresso, independente da forma que fora usada para chegar lá, não consigo ter uma visão unilateral baseada em padronizações, seguindo manuais de doenças mentais. O ser humano precisa de entendimento, para isso, a escuta e o acolhimento são essenciais. O seu limite não deve ser testado, deve ser alcançado, a cada dia. 
Afinal...

O que é  SER NORMAL?

Autismo X Novela

Reflexivas as palavras de Rafael, personagem da novela "Amor a Vida". 
Quando fora indagado sobre a impossibilidade legal de casar com "incapaz" ele responde mais ou menos assim: "fizeram uma linha reta e estipularam esta como sendo o padrão NORMAL de comportamento, qualquer desvio já o torna incapaz..."
Isto é, será portador de algum transtorno mental e enquadrado em um Manual.

Sim! Somos um mundo de "incapazes!"

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Papai também cuida...

Segundo Mirian Goldenberg, antropóloga e autora de "Toda mulher é meio Leila Diniz" (Ed. BestBolso), a ausência da figura paterna é o maior problema para a geração atual de crianças. E essa ausência, muitas vezes, é causada pela própria mãe, ainda que ela seja casada com o pai. "Muitas mulheres vivem a maternidade como um poder que não querem compartilhar e percebem os homens como meros coadjuvantes — ou até mesmo figurantes — em um palco em que a principal estrela é a mãe", diz Mirian. "No entanto, não existe absolutamente nada na 'natureza' masculina que impeça um pai de cuidar, alimentar, acariciar, acalentar e proteger seu bebê, assim como não há uma 'natureza' feminina que dê à mãe a autoridade de se afirmar como a única capaz de cuidar do recém-nascido"