quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Psicóloga Katia Mafra falando sobre relacionamentos na Band

Psicóloga @katiamafra na Band! Programa "Olhares" entrevistada dia 12 de junho falou sobre relacionamentos!


A terapia de casal oferece um ótimo prognóstico quando ambos, marido e mulher, resolvem procurar solução para seus conflitos. 
A terapia não faz milagre, ela busca alcançar uma forma harmônica de se relacionar, facilitando a convivência, principalmente em momentos dificeis. 
O psicólogo atua como mediador, criando condições para que estes definam os próprios desejos.
Não existe hora certa para procurar a terapia de casal, o principal é reconhecer a insatisfação e evitar que as crises se tornem crônicas.


Psicóloga Katia Mafra
CRP 12/12030
Florianópolis 
(48) 99714407
Atendimento Psicológico adulto, infantil, casais e família. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

10 habilidades emocionais que as crianças precisam desenvolver...

... e como você pode ajudar seu filho na prática no dia a dia

Por Fernanda Carpegiani - atualizada em 30/07/2013 15h48
menina_brincando (Foto: Shutterstock)
 
Autoconfiança

Ressaltar as qualidades do seu filho e mostrar que você acredita na capacidade dele é a chave para que ele faça o mesmo. Na hora de repreendê-lo, por exemplo, foque no comportamento ruim em vez de rotulá-lo. “É preciso censurar o fato e não quem o praticou. Se eu digo a uma criança que ela é teimosa, ela vai acreditar nisso e se tornar mais teimosa”, explica Edimara de Lima, psicopedagoga e diretora da Prima Escola Montessori, em São Paulo. Reforce o que for positivo, mas não elogie sempre, só por elogiar, para não criar uma postura arrogante nem uma pessoa que não saberá lidar com críticas. No dia a dia, mostre que ele pode contar com seu apoio para realizar tarefas simples, como escovar os dentes, mas, ao mesmo tempo, dê autonomia para que ele aprenda a fazer sozinho e encontre a sua própria maneira.


 
Coragem

Ter medo de algo que não conhecemos ou não conseguimos entender é natural, e até esperado. Toda criança já teve medo do escuro ou do bicho papão. Para ajudar seu filho a encarar esses e muitos outros receios que vão surgir (do vestibular, de aprender a dirigir e até de conhecer a sogra), dê espaço para que ele expresse e entenda o que está sentindo. Uma boa dica é usar livros e filmes que falem sobre esses medos. O primeiro dia na escola pode parecer assustador, mas depois que ele enfrentar as primeiras horas e se acostumar com a classe vai perceber que está tudo bem, e que ele nem precisava ter ficado com tanto medo. “A coragem é essencial para que possamos aceitar desafios, ir atrás dos nossos objetivos, aprender coisas novas e defender os nossos valores”, afirma Steven Brion-Meisels, educador que há mais de 35 anos trabalha com o tema e é professor da Escola Superior de Educação de Harvard, da Lesley University (ambas nos EUA) e da Universidade de Los Andes (Bogotá, Colômbia).

Paciência

“Tá chegando?” Quantas vezes você já ouviu isso durante uma viagem longa? Aprender que não podemos controlar tudo e que é preciso saber esperar não é fácil nem para nós, adultos, imagine então para uma criança que está ansiosa, entediada ou ainda não entende totalmente a passagem do tempo. Mas as filas de banco e as salas de espera de consultórios médicos são apenas algumas das situações que vão exigir do seu filho paciência. Mostre para ele que cada coisa tem o seu tempo. Um jogo em família ou uma conversa na mesa de jantar são bons exemplos de situações cotidianas em que cada um precisa esperar a sua vez, seja para jogar ou para falar e ser ouvido.

 
Persistência

Quando estiver aprendendo a andar, seu filho vai se desequilibrar e cair, e por isso mesmo precisa do seu apoio e incentivo para perceber que um pouco de treino e muita persistência vão garantir seus primeiros passos. E esse é apenas um dos muitos desafios que ele vai enfrentar, então não caia na tentação de fazer tudo por ele. “O estímulo positivo é importante. Mostre que o fato de ele não ter sucesso naquele momento, naquela atividade específica, não quer dizer que ele nunca vai conseguir vencer o desafio”, diz Quézia Bombonatto, terapeuta familiar e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Só assim ele vai poder traçar metas e superar os obstáculos para alcançar seus objetivos sem desistir no meio do caminho.

Tolerância

Quando vai para a escola, seu filho entra em contato com dezenas de outras crianças com realidades e comportamentos diversos e muitas vezes totalmente diferentes de tudo que ele conhece. Aprender a aceitar essas diferenças é o começo do caminho para uma convivência tranquila e harmoniosa com o outro. “É importante criar oportunidades de interações mais cooperativas, como jogos coletivos, para que a criança comece a conhecer tanto as regras quanto as necessidades dos outros”, afirma o psicólogo Ricardo Franco de Lima, especializado em Neurologia Infantil. E os seus modelos também contam muito para o desenvolvimento da tolerância do seu filho. Ele só vai aprender a compreender o outro se vir os pais fazendo isso no dia a dia. Quer um exemplo? Sua atitude com os mais velhos é que vai ajudá-lo a ter paciência com os avós e com o irmão mais novo.

 
Autoconhecimento

Quem sou eu? Eu gosto disso ou prefiro aquilo? Essas indagações só vão passar pela cabeça do seu filho por volta dos 3 anos. É quando ele vai começar a se questionar, a se perceber e, claro, a expressar suas vontades, agora com motivos e razões mais consistentes. Aos poucos, ele vai se conhecer melhor e isso será fundamental para que ele pense e aja com mais segurança, respeitando o que sente. Também é o primeiro passo para se relacionar com as pessoas à sua volta. “A criança aprende primeiro a se relacionar com ela mesma, a entender o que sente, para depois transferir esse conhecimento para a relação com o outro”, diz a psicopedagoga Quézia Bombonatto. Incentive seu filho a perceber quais são suas preferências, pergunte, peça para ele explicar, conte as suas próprias histórias. Sempre ofereça opções e pergunte de qual ele gosta mais e o porquê.

Controle dos impulsos

Uma sala vazia, uma criança de quatro anos e um marshmallow. A proposta é simples: ela pode comer o doce ou esperar e ganhar mais um, ficando com dois. Esse teste foi criado por um pesquisador da Universidade de Stanford (EUA) há mais de 50 anos para analisar quais crianças eram capazes de controlar suas emoções para conseguir conter seus impulsos.
O estudo voltou a analisar as mesmas crianças anos depois, no ensino médio, e aquelas que resistiram à tentação de comer o primeiro marshmallow por cerca de 20 minutos tinham um desempenho escolar maior do que as que comeram. Isso porque elas sabiam adiar a satisfação para ter uma recompensa. “Querer não é errado, mas nem sempre é possível ter o que queremos, por isso é tão importante controlar o desejo e as reações frente aos impulsos”, diz o psicoterapeuta Iuri Capelatto. Em casa, terá dias que ele vai querer comer correndo para ganhar logo a sobremesa. Mas ensine que ele deve, primeiro, esperar todos acabarem o jantar.

Resistência às frustrações

“Dizer não é a maior prova de amor que um pai pode dar”, afirma a psicóloga Ceres de Araújo. É assim, com pequenas doses de frustração, que seu filho vai aprender a lidar com as adversidades e a superar os problemas sem se deixar abater. Isso é o que os especialistas chamam de resiliência, ou seja, a capacidade de sobreviver às dificuldades e usá-las como fonte de crescimento e aprendizado. Se ele não souber lidar com pequenos “nãos”, como “aí não pode”, “é hora de ir embora”, “esse brinquedo é caro demais”, terá mais dificuldade de aceitar e superar o não do chefe ou da namorada, por exemplo. E tentar poupá-lo só vai atrapalhar. “Os pais precisam parar de confundir felicidade com satisfação de desejos. As crianças precisam ter contato com pequenas impossibilidades para poder lidar com as maiores depois”, completa a psicopedagoga Edimara. Portanto, não se culpe por ter de dizer não a ele de vez em quando. Isso só fará bem para todos vocês!

 
Comunicação

Conversar sobre o que seu filho fez durante o dia é um estímulo para que ele aprenda a organizar as ideias e transformá-las em frases de uma forma que os outros possam compreender. Provavelmente a primeira resposta será “legal”, mas não desista! Fazer outras perguntas ou até falar sobre o seu dia também pode ajudar. Afinal, de nada vai adiantar ele ter boas ideias se não conseguir contá-las aos outros. “Outras atividades que favorecem a interação verbal também são importantes, como contar e recontar histórias, interpretar essas mesmas histórias e ler um livro junto com os filhos”, diz o psicólogo Ricardo Franco de Lima. Mas mesmo antes de aprender a falar, o bebê já se comunica por meio de gestos e precisa ser estimulado a verbalizar. Se ele apontar para um objeto, por exemplo, em vez de entregá-lo prontamente, pergunte o que ele quer, fale o nome do objeto e dê um tempo para ele tentar articular alguns sons. Depois que ele aprender a ler e escrever, procure ensiná-lo também que, além da linguagem do bate-papo com os amigos, será importante para a vida que ele saiba o português formal, por mais complicado que isso possa parecer.

Empatia

Até por volta dos 2 anos, a criança só consegue ver as coisas a partir da sua perspectiva. A partir dessa idade ela já consegue se colocar no lugar do outro e pode começar a exercitar plenamente a empatia. “Para que seu filho entenda o que outra pessoa está sentindo, ele precisa de ajuda para reconhecer, nomear e expressar suas próprias emoções, bem como as consequências das suas ações”, diz o psicólogo Ricardo de Franco Lima. Diante de um conflito, pergunte por que ele agiu assim, o que pensou e sentiu e incentive-o a imaginar o que o outro está sentindo também, levantando possibilidades, mas deixando que ele mesmo crie maneiras de resolver a briga.

Fonte: Revista Crescer
http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2013/07/10-habilidades-emocionais-que-criancas-precisam-desenvolver.html

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Amigos como aliados no combate ao estresse

Hoje vou falar sobre formas de enfrentamento ao estresse usando reforçadores que estão muito perto de nós: "os amigos".

Entre muitas leituras, uma em especial me chamou a atenção, ela fora extraída da palestra realizada na Stanford University em Palo Alto - Califórnia, acerca da conexão Mente-Corpo.

O palestrante (Chefe da psiquiatria da Stanford) afirmou, entre outras, que uma das melhores coisas que o homem poderia fazer pela sua saúde era estar casado com uma mulher. Já para a mulher, uma das melhores coisas que ela poderia fazer pela sua saúde, era nutrir a relação com as amigas. Na hora, todos os presentes deram risadas, mas ele falava isto baseado em pesquisas.

As mulheres se conectam de forma diferenciada e oferecem sistemas de apoio que ajudam à lidar com o estresse e experiências de vida adversas. Este tempo com amigas favorece o aumento do nível de serotonina (neurotransmissor que auxilia no combate a depressão e que pode vir a criar um sentimento de bem estar geral).

É geracional, cultural, as mulheres compartilham seus sentimentos, e os homens, muitas vezes, formam relações a partir de suas atividades. Eles raramente sentam com um amigo e discutem suas emoções ou problemas na vida pessoal.

As mulheres dividem suas inquietações com amigas, irmãs, mães e evidentemente isso faz bem à saúde. Estes "desabafos" geram uma sensação de alívio que acabam por auxiliar prováveis conflitos, amenizando comportamentos disfuncionais acumulados pela tensão.

Enfim, podemos assim dizer que existem muitas formas de atenuar o estresse e a ansiedade, seja falando de seus problemas com o outro, como prestando especial atenção àquilo que faz bem.

Que tal unir as duas coisas?

Vale a reflexão!

Psicóloga Katia Mafra - Consultório Terapêutico
Clínica e Organizacional
(48) 99714407

Fpolis/SC

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

"Cuidado com os Burros Motivados!"

Por Roberto Shinyashiki


Em Heróis de verdade, o escritor combate a supervalorização da aparência e diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima
Camilo Vannuchi
Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias. Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe”, dizem os versos que o inspiraram a escrever Heróis de verdade (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. “O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras.”
ISTOÉ -
Quem são os heróis de verdade?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado,
viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
ISTOÉ -
O sr. citaria exemplos?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito “100% Jardim Irene”. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTOÉ -
Qual o resultado disso?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.
ISTOÉ -
Por quê?
ROBERTO SHINYASHIKI -
O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
ISTOÉ -
Há um script estabelecido?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente
de multinacional no programa O aprendiz? “Qual é seu defeito?” Todos
respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de
cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.” É exatamente o que o chefe
quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado
ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma
forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: “Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir.” Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?
ISTOÉ -
Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
ISTOÉ -
Está sobrando auto-estima?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.
ISTOÉ -
Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham.” Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
ISTOÉ -
O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTOÉ -
É comum colocar a culpa nos outros?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Sim. Há uma tendência a reclamar, dar desculpas e acusar alguém. Eu vejo as pessoas escondendo suas humanidades. Todas as empresas definem uma meta de crescimento no começo do ano. O presidente estabelece que a meta
é crescer 15%, mas, se perguntar a ele em que está baseada essa expectativa, ele não vai saber responder. Ele estabelece um valor aleatoriamente, os diretores fingem que é factível e os vendedores já partem do princípio de que a meta não será cumprida e passam a buscar explicações para, no final do ano, justificar. A maioria das metas estabelecidas no Brasil não leva em conta a evolução do setor. É uma chutação total.
ISTOÉ -
Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: “Quem decidiu publicar esse livro?” Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.
ISTOÉ -
Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
ROBERTO SHINYASHIKI -
O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
ISTOÉ -
Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
ROBERTO SHINYASHIKI -
A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: “Você tem de estar feliz todos os dias.” A terceira é: “Você tem que comprar tudo o que puder.” O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: “Você tem de fazer as coisas do jeito certo.” Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar.
ISTOÉ -
O sr. visita mestres na Índia com freqüência. Há alguma parábola que o sr. aprendeu com eles que o ajude a agir?
ROBERTO SHINYASHIKI -
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz.” Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis. Uma história que aprendi na Índia me ensinou muito. O sujeito fugia de um urso e caiu em um barranco. Conseguiu se pendurar em algumas raízes. O urso tentava pegá-lo. Embaixo, onças pulavam para agarrar seu pé. No maior sufoco, o sujeito olha para o lado e vê um arbusto com um morango. Ele pega o morango, admira sua beleza e o saboreia. Cada vez mais nós temos ursos e onças à nossa volta. Mas é preciso comer os morangos.